Oito hábitos que pensávamos que eram saudáveis (e que seria melhor largar imediatamente)
Nós os praticamos pensando que é o mais recomendável para nosso corpo e, na verdade, não trazem nenhum benefício (alguns são até mesmo contraproducentes)
Perder peso é um clássico na lista de propósitos saudáveis, e não é de se estranhar, porque quase metade da população <a href="http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2014.pdf" target=blank>tem sobrepeso</a>, segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde brasileiro. A fruta nos dá água, hidratos de carbono, fibra, vitaminas e minerais, mas “como os hidratos de carbono são uma fonte de energia, é melhor consumi-los quando iremos nos manter ativos”, explica a endocrinologista Iris de Luna, do Hospital Universitário Quirón Salud Madrid, na Espanha. O metabolismo mantém certos ritmos ao longo do dia (cronobiologia), e de noite, o fígado é mais eficiente no armazenamento de açúcares no formato de glicogênio. Quando os depósitos de glicogênio estão cheios, o excesso de açúcares se transforma em triglicérides. A fruta contém frutose (um açúcar de absorção rápida), e se não for utilizado na hora, é armazenado e pode favorecer o aumento de triglicérides. Essa é a razão pela qual “em um plano de emagrecimento, não é recomendável substituir o jantar por fruta”, diz a doutora. Sua recomendação: consumir a fruta como café da manhã, no meio da manhã e como lanche.Seja por motivos de saúde ou por moda, o certo é que os antiglúten crescem cada vez mais. Nos Estados Unidos, <a href="https://www.npd.com/wps/portal/npd/us/news/press-releases/percentage-of-us-adults-trying-to-cut-down-or-avoid-gluten-in-their-diets-reaches-new-high-in-2013-reports-npd/" target=blank>um terço da população tirou essa proteína de sua alimentação</a> e o exemplo também vale para o Brasil, a julgar pela quantidade de produtos sem glúten nas prateleiras dos supermercados (e nos cardápios dos restaurantes). Camilo Silva, especialista em Endocrinologia e Nutrição da Clínica Universidade de Navarra, ressalta que não se deve fazer nenhuma modificação dietética por conta própria e sem o diagnóstico de um médico. “Pode derivar em uma dieta menos saudável, com um aumento na ingestão de carnes e queijos magros, mas também pode complicar a dieta em pessoas com doenças, como a diabetes”, alerta. Além das consequências que pode ter sobre a ingestão de fibras e de certas vitaminas e ferro, “é preciso levar em conta que a dieta antiglúten pode encarecer a cesta de compras em 1.400 euros (4.770 reais) por ano por pessoa”, estima.Os alérgicos e intolerantes à lactose são um coletivo cada vez mais numeroso e o leite de vaca é, para muitos, outra das ameaças à saúde. O endocrinologista da Clínica Universidade de Navarra alerta que deixar de tomar leite “pode limitar desnecessariamente a ingestão de cálcio e de vitaminas A, D, E e B”. Desmente que os preparados lácteos ou outros tipos de leite (como leite de soja, por exemplo) sejam nutricionalmente equivalentes ao leite de vaca e frisa: “A substituição do leite como produto de riqueza nutricional não é fácil”.Ao contrário da opinião generalizada de que é mais saudável consumir produtos lácteos desnatados, um estudo publicado no Scandinavian Journal of Primary Health Care conclui que o consumo de lácteos ricos em gordura se correlaciona com um risco menor de desenvolver obesidade. Na opinião do nutricionista Walter Willett, da <a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3656401/" target=blank>Escola de Saúde Pública de Harvard</a> (EUA), uma explicação para essa descoberta é que os produtos integrais saciam mais e, além disso, os ácidos graxos dos lácteos têm um efeito adicional na regulação do peso.Uma boa lavagem de mãos com água e sabão é <a href="http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2014/hand-hygiene/es/" target=blank>a forma mais eficaz</a> de limpar e liminar germes. Mas a preocupação com o risco de contrair infecções favoreceu a demanda crescente por sabões antimicrobianos, uma medida que além de não ser útil, pode aumentar o risco de doenças alérgicas, adverte a <a href="http://www.health.harvard.edu/family-health-guide/wash-your-hands" target=blank>Universidade de Harvard</a> (EUA), além de favorecer o desenvolvimento de bactérias <a href="http://www.health.harvard.edu/skin-and-hair/dont-fall-for-these-skin-myths" target=blank>resistentes aos antibióticos</a>.Diante da poluição, nos proteger com uma máscara de papel é uma medida ineficaz porque “apesar de não deixarem passar as partículas grandes, as menores (0,1 micra) chegam facilmente até o fim do aparelho respiratório (e inclusive na corrente sanguínea) e causam problemas”, esclarece Carmen Diego, coordenadora da Área de Meio Ambiente da <a href="http://separcontenidos.es/site/" target=blank>Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica</a> (Separ). E para nos proteger dos gases poluentes, “não há máscara que funcione”, acrescenta a pneumologista. Há outras máscaras mais sofisticadas, com filtros, que “são melhores que as de papel, mas também não evitam que respiremos ar poluído”, insiste Carmen Diego.É verdade que não é bonita a visão de sujeira saindo pelos ouvidos, mas daí a transformar hastes flexíveis e sprays em indispensáveis para a higiene diária há um abismo. Ana Machado, otorrinolaringologista do Hospital Universitário Quirón Madrid, destaca que “o ouvido tem seus próprios mecanismos de limpeza fisiológicos. O cerúmen é uma substância que protege das infecções no ouvido devido a suas funções bactericidas”. Se o cerúmen se acumula e forma um tampão, “é preciso ir ao especialista para que o retire mediante o procedimento mais conveniente”. Nem tente fazer isso em casa. Um relatório da Oxford <a href="http://www.ouh.nhs.uk/patient-guide/leaflets/files%5C5280Pears.pdf" target=blank>University Hospitals</a> (Reino Unido) alerta que as hastes podem alterar a mencionada autolimpeza e machucar o tímpano.Na cozinha encontramos outro erro clássico. A lava-louças lava a temperaturas de até 65 graus centígrados, impossíveis de suportar ao lavar à mão, mas esse excesso de higiene pode não ser tão bom para os pequenos. Um estudo sueco publicado na revista <i><a href="http://pediatrics.aappublications.org/content/pediatrics/early/2015/02/17/peds.2014-2968.full.pdf" target=blank>Pediatrics</a></i> conclui que as crianças de famílias que lavam à mão têm menos eczemas que os que usam a máquina (23% a 38%) e apenas 1,7% das crianças onde os pratos são limpos à base de bucha têm asma, um problema do qual padecem 7,3% das crianças de lares em que a louça é lavada em máquina. A razão, segundo esses pesquisadores, é que a lavagem à mão não é tão eficiente e deixa restos de micróbios que tornam mais difícil desenvolver alergias.