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Trump diz, sem provas, que “milhões de pessoas votaram ilegalmente” em Clinton

Republicano argumenta que teria vencido a democrata também no voto popular

Trump e Clinton, no debate do dia 9 de outubro.
Trump e Clinton, no debate do dia 9 de outubro.John Locher (AP)

O Donald Trump mais conspiratório e agressivo, uma constante na campanha eleitoral, ressurgiu neste domingo no Twitter. Numa série de mensagens, o presidente recém-eleito dos Estados Unidos criticou a recontagem de votos solicitada pelo Partido Verde, com o apoio do Partido Democrata, em Wisconsin, onde o republicano venceu por estreita margem. O magnata do setor imobiliário afirmou convictamente, mas sem oferecer provas, que ele próprio foi prejudicado por irregularidades na votação de 8 de novembro. “Além de ganhar o colégio eleitoral por ampla margem, ganhei o voto popular, caso sejam subtraídas as milhões de pessoas que votaram ilegalmente”, escreveu.

Foi um retorno ao candidato Trump que, na reta final da campanha, atiçou o medo de uma possível fraude eleitoral e afirmou que o sistema estava “manipulado” contra si. É irônico que o republicano tenha relembrado neste domingo, para arremeter contra a recontagem dos votos, que durante a campanha se recusou a prometer que aceitaria um resultado desfavorável.

Trump ganhou as eleições graças à sua vantagem em número de votos eleitorais – reservados a cada Estado conforme seu peso demográfico, e totalmente atribuídos ao candidato vencedor, independentemente do seu percentual nas urnas. Por causa desse sistema, Clinton somou dois milhões de votos populares a mais que Trump, refletindo sua expressiva vantagem em Estados muito populosos. O crescente debate sobre hipotéticas irregularidades em Estados decisivos para a vitória de Trump parece ter esgotado a paciência do republicano.

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“Fraude séria nos votos da Virgínia, New Hampshire e Califórnia. Por que a imprensa não escreve sobre isto? Há uma distorção séria. Grande problema!”, escreveu Trump à tarde no Twitter, num novo ataque aos meios de comunicação. O republicano não ofereceu nenhuma prova que valide as supostas irregularidades em três Estados onde perdeu para Clinton.

Na manhã seguinte à eleição, Clinton aceitou publicamente a derrota e pediu um voto de confiança para Trump. A equipe da democrata se move em uma linha fina: admite que não tem evidência de irregularidades, mas no sábado anunciou que estava se unindo aos esforços do Partido Verde em Wisconsin e que também poderia fazer o mesmo na Pensilvânia e Michigan.

Nestes três estados, Trump ganhou por uma diferença total de cerca de 100.000 votos, o que permitiu que somasse os votos eleitorais necessários para ganhar a eleição, apesar de perder por dois milhões na contagem dos votos emitidos no país. O republicano mobilizou ali sobretudo eleitores da classe trabalhadora graças à sua retórica contra o livre comércio.

Na parte da tarde, o bilionário de Nova York voltou ao Twitter, sua ferramenta favorita na campanha para lançar ataques e minimizar a vitória de Clinton em votos populares.

A equipe de Trump teme que o crescente debate sobre a recontagem eclipse sua transição para a Casa Branca e sua vitória. Foi o candidato republicano mais votado em uma eleição presidencial.

Em várias entrevistas televisivas, Kellyanne Conway, assessora de Trump e ex-chefe de campanha, também elevou o tom no domingo. Descreveu como “chorões” os verdes e democratas, e traçou um paralelo com a decisão do republicano de quebrar sua promessa de nomear um promotor especial para investigar sua ex-rival eleitoral. “Você tem Donald Trump sendo bastante magnânimo com Hillary Clinton e ela responde aderindo a essa recontagem”, disse Conway.

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