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Governo do Peru protesta contra nomeação da ex-primeira-dama Nadine Heredia na FAO

Ministério de Relações Exteriores interpreta a indicação em Genebra como “interferência em uma investigação fiscal em curso”

A ex primeira dama do Peru, Nadine Heredia.
A ex primeira dama do Peru, Nadine Heredia.ERNESTO ARIAS (EFE)

O ministro das Relações Exteriores do Peru, Ricardo Luna, informou na noite de terça-feira em um programa de televisão que pediu ao diretor-geral da FAO, José Graziano, “reconsiderar e anular” a nomeação da ex-primeira-dama Nadine Heredia como diretora do escritório de ligação da entidade na sede da ONU em Genebra. Afirma que “a decisão pode ser interpretada como interferência indevida em uma investigação fiscal em curso. É um assunto sério e o Governo vê dessa forma”.

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Em um comunicado, a Chancelaria diz que a nomeação não responde a uma gestão do Governo peruano, e afirma que conheceram o novo cargo de Nadine Heredia em um comunicado de imprensa da FAO divulgado na segunda-feira.

“A designação é resultado de uma decisão do diretor-geral da FAO, sem que tenha sido objeto de consulta nem coordenação prévia com o Ministério das Relações Exteriores do Peru”, esclarece o documento.

De acordo com o mesmo boletim da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, a nomeação será efetiva a partir de 24 de novembro.

Heredia, comunicadora com estudos de mestrado em ciências sociais, e influente e polêmica assessora de seu marido Ollanta Humala (2011-2016), viajou na noite de terça-feira a Madri, segundo informaram o jornal Correo e a emissora Radioprogramas.

A ex-primeira-dama está sendo investigada por lavagem de dinheiro por contribuições supostamente recebidas para as campanhas eleitorais do Partido Nacionalista Peruano (PNP) em 2006 e 2011, e que terminaram em suas contas bancárias e nas de seus familiares e uma amiga. Além de ser fundadora do PNP com seu marido, foi encarregada de relações internacionais do partido e, depois, presidenta entre 2013 e 2016.

Como diretora de relações internacionais de seu partido, coordenou reuniões durante a campanha eleitoral de 2011, entre Humala e o ex-presidente brasileiro Lula da Silva e a então presidenta Dilma Rousseff. Lula foi o padrinho político do casal, que então tinha Keiko Fujimori como principal oponente.

O diretor da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, ex-diretor do programa Fome Zero durante o Governo do Partido dos Trabalhadores, nomeou Heredia em 2012 como embaixadora especial da FAO da quinoa para o mundo.

Em junho, enquanto ainda era primeira-dama, um promotor emitiu a proibição de saída do país para Heredia durante quatro meses – que terminou em meados de outubro – e regras de conduta, entre elas não mudar de endereço, assinar a cada 30 dias um caderno em uma sede judicial e pagar um depósito de 50.000 soles (cerca de 49.500 reais).

A esposa de Humala deixou o país com o conhecimento do Ministério Público, embora mantenha a condição de comparecimento restringido, ou seja, deve informar seu movimento migratório a essa entidade.

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