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Ex-governador do Rio Anthony Garotinho é preso pela PF

Ele foi alvo da Operação Chequinho, que combate crimes eleitorais na cidade de Campos de Goytacazes

Gil Alessi
Garotinho é conduzido à sede da PF.
Garotinho é conduzido à sede da PF.R. Borges/Folhapress

O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho foi preso preventivamente na manhã desta quarta-feira pela Polícia Federal, alvo da Operação Chequinho, que mira crimes eleitorais ocorridos em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio. Garotinho é secretário de Governo da cidade, cuja prefeita é sua mulher, Rosinha Garotinho (PR). Ele foi detido em sua casa no bairro do Flamengo, zona sul do Rio. Ele faria parte de um esquema de fraudes que utilizou o programa Cheque Cidadão para fins eleitorais, de acordo com informações preliminares. A ordem de prisão foi assinada pelo juiz eleitoral Glaucenir Silva de Oliveira. Fernando Rodrigues, que defende o político, afirmou que a prisão é ilegal e que ele irá recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral.

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Garotinho, que é uma das maiores lideranças evangélicas do Estado e integra a Igreja Presbiteriana, foi um dos principais fiadores da campanha vitoriosa do bispo licenciado Marcelo Crivella (PRB) ao Governo do Rio este ano. O vice da chapa, Fernando Mac Dowell, é do PR, e foi indicado por Garotinho, que é pai de Clarissa Garotinho, uma das deputadas federais mais votadas no Estado. A prisão do ex-governador pode complicar o processo de montagem do primeiro escalão do prefeito eleito do Rio.

O delegado Paulo Cassiano, responsável pela ação, afirmou ao jornal Extra que Garotinho é "líder de uma organização criminosa", e que ele teria usado o programa Cheque Cidadão "para comprar votos e, consequentemente, fraudar as eleições em Campos". O programa concede benefícios de até 200 reais para famílias de baixa renda. A PF já havia detido em outubro a ex-coordenadora do Cheque Cidadão, Gisele Koch, junto com o vice-presidente da Câmara de Campos, Thiago Virgílio - que está proibido de entrar na Casa. Dois vereadores locais também foram presos à época. Para o juiz responsável pela prisão, trata-se de um "programa assistencialista eleitoreiro e que tornou-se ilícito diante da desvirtuação de sua finalidade".

Segundo a PF, o grupo colhia documentos de eleitores para cadastrá-los no Cheque Cidadão, inflando a iniciativa e provocando um aumento no volume de benefícios pagos de mais de 100%. Em troca, os beneficiários teriam que votar na mulher de Garotinho. Dos cerca de 30.000 cadastrados no programa o Ministério Público aponta que 18.000 integrariam o esquema.

Em nota divulgada em setembro a prefeitura de Campos afirmou que o programa cumpre "rigorosamente a legislação eleitoral", e que "respeita todos os critérios técnicos, inclusive, realizando recadastramentos periódicos, a fim de evitar possíveis distorções na concessão dos benefícios".

Durante seu Governo, de 1999 a 2002, Garotinho enfrentou diversas acusações de corrupção, e chegou a ser denunciado em 2010 por formação de quadrilha. Segundo o processo, que tramitou na primeira instância do Rio, ele teria agido para favorecer os grupos milicianos no Estado. Como deputado federal, Garotinho foi um dos articuladores da bancada evangélica na Câmara para barrar o kit anti-homofobia proposto pelo Governo Federal.

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