Miroslav Klose, o maior goleador das Copas, se aposenta
Atacante alemão se unirá à equipe de auxiliares de Joachim Löw, treinador da seleção
Já não esbanjava como antes com os saltos mortais com que celebrava cada gol – “os anos passam e não tenho mais tanta agilidade”, confessava –, mas Miroslav Klose (Opole, Polônia, 1978) nunca se distanciou de todo das redes, até que agora acaba de anunciar sua aposentadoria como jogador para se incorporar à equipe técnica de Joachim Löw na seleção alemã. Não é uma decisão aleatória porque nela viveu seus melhores dias como jogador e forjou uma lenda que o posiciona como o principal goleador da história das Copas, com 16 tentos, um a mais do que Ronaldo Nazário, a quem superou justamente no Mundial realizado no Brasil com um gol no histórico 7x1 contra a seleção brasileira das semifinais.
Klose estava sem equipe depois de cumprir contrato em junho com o Lazio, com o qual em 2011 havia firmado um acerto de dois anos. Houve um ponto, depois da Copa no Brasil, em que pareceu que iria perpetuar-se no gol. Ali alcançou os seus sonhos, não só desbancou Ronaldo como também levantou a Copa do Mundo depois de um vice-campeonato e dois terceiros lugares nas edições anteriores. De volta à liga italiana anotou treze vezes na Série A e novamente se sobressaiu para um possível regresso a uma seleção que buscava um nove. Mas a última temporada foi dura por causa das lesões, tão leves como incômodas. Contudo, anotou sete gols em 24 partidas e passou a avaliar várias ofertas. Chamaram-no da Austrália e o Deportivo discou seu número há um mês e meio quando Joselu se lesionou e antes de contratar Ryan Babel. Agradeceu-lhes e explicou que esperava um bom contrato em uma competição menos exigente, talvez na China, Estados Unidos ou em um destino árabe. Seu nome chegou a ser vinculado ao Nápoles como opção para suprir Milik. Em Kaiserslautern sonhavam com um retorno às origens. “Se quisesse jogar na Segunda Divisão...”, dizia o presidente do clube com o qual estreou na elite.
No final prevaleceu a outra alternativa, a de vestir o moletom. “Nos últimos meses amadurecia a ideia de preparar-me para desenvolver táticas e estratégias. São questões que já me interessavam como jogador”, detalha. Aí também aproveitará seu perfil meticuloso e sua capacidade de superação. Filho de um jogador e uma goleira do handebol, Klose viveu os oito primeiros anos em Auxerre, onde o pai jogava. Tinha nascido em um território peculiar, a Alta Silésia, que depois da Segunda Guerra Mundial passou de parte da Alemanha para formar os limites do território da Polônia. Seus pais decidiram em 1986 aproveitar a oportunidade surgida de cruzar a cortina de ferro e começar uma vida na então Alemanha Ocidental. Mal falando alemão, Klose chegou a uma escola de Kusel, localidade vizinha de Kaiserslautern, onde os pequenos imigrantes tinham problemas para que seus colegas os admitissem nas partidas na hora do recreio. Quando pôde entrar ele se tornou um dos garotos mais populares da escola.
“O futebol , ajudou a integrar-me, mas nunca tive sentimentos contraditórios por minha nacionalidade ou procedência”, explica toda vez que lhe perguntam sobre sua origem e evolução. Apela à naturalidade: polonês de etnia alemã por parte de pai, sua mãe foi mais de oitenta vezes da seleção da Polônia, ele escolheu jogar pela Alemanha porque foi onde cresceu e, já como herói alemão, não se importa de reconhecer que fala o idioma da infância na intimidade do lar. De um lado ao outro da fronteira, sempre se impõe a do gol, e Klose pendura as chuteiras depois de deixar um rastro de nobre retidão. Duas vezes corrigiu em campo decisões de árbitros que o favoreciam, e ainda no final de seu período na Itália ficava admirado com a frouxidão mediterrânea em questões que tinham a ver, por exemplo com a pontualidade. Em seu adeus é inevitável deter-se em algumas de suas principais marcas que figuram nos livros da história do futebol, mas Joachim Löw observa que há algo mais por trás delas: “Klose é um exemplo como pessoa e esportista porque subordina todo o sucesso individual ao do coletivo”.
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