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O que se sabe e o que não se sabe sobre a nova investigação dos e-mails de Hillary Clinton

Repassamos os principais detalhes do anúncio do FBI que abalou a campanha norte-americana

O diretor do FBI, James Comey, revolucionou na quinta-feira, dia 27 de outubro, a campanha eleitoral norte-americana ao anunciar que a agência localizou novos e-mails que poderiam estar relacionados à investigação já encerrada sobre o servidor privado de Hillary Clinton. Desde então, acumulam-se as novidades e as incógnitas sobre o caso que monopolizará o debate político até as eleições presidenciais de 8 de novembro, em que Clinton enfrenta o republicano Donald Trump.

Clinton, neste domingo, em um comício na Flórida.
Clinton, neste domingo, em um comício na Flórida.JUSTIN SULLIVAN (AFP)

A seguir, respondemos as principais perguntas sobre a nova investigação a Clinton:

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O que aconteceu na quinta-feira?

Comey mandou uma breve carta aos líderes do Congresso para informar-lhes que o FBI analisará novas mensagens eletrônicas de Hillary Clinton para determinar se contêm informação classificada. Na carta, relembra que ele tinha comunicado em uma ida ao Congresso que o FBI “tinha concluído sua investigação” do computador privado de Clinton como secretária de Estado entre 2009 e 2013, e por isso considerou que tinha de comunicar aos congressistas que seu testemunho precisa ser “completado”. Comey admite que desconhece se os novos documentos acrescentarão dados relevantes e adverte que não pode prever quanto o FBI demorará para analisá-los.

O que o FBI investiga agora?

Na carta, Comey explica que o FBI, a partir de um “caso não relacionado”, soube da “existência de e-mails que parecem ser pertinentes” na investigação sobre a candidata democrata, mas pondera que não sabe nada sobre o que dizem essas mensagens.

Os detalhes que Comey não deu, que reforçaram a confusão e a tormenta política sobre sua carta, foram passados por funcionários do Governo à mídia norte-americana. As novas mensagens foram encontradas em um computador utilizado por Anthony Weiner e Huma Abedin, sua esposa de quem está em processo de separação e que é o braço direito de Clinton. O FBI analisou o computador em sua investigação, iniciada em setembro, em função das mensagens de conteúdo sexual que Weiner mandou a uma menor e que levaram Abedin a anunciar a separação.

O que há nesses novos e-mails?

Essa é a principal incógnita. Para poder ler as mensagens, os agentes precisam de uma ordem judicial diferente da que foi obtida para levar o computador. Essa nova ordem foi recebida no domingo, dia 30 de outubro, com relação às mensagens de Abedin, e agora poderão começar a analisar os documentos da assessora de Clinton.

No computador, o FBI encontrou cerca de 650.000 mensagens, das quais vários milhares foram enviados ou recebidos pelo computador privado de Clinton em sua casa e que abrigava a conta eletrônica privada usada enquanto era chefe da diplomacia norte-americana, segundo pessoas que participaram da investigação informaram ao jornal The Wall Street Journal.

Calcula-se que o FBI demorará semanas para determinar quantos desses e-mails são duplicados dos cerca de 30.000 que já analisou em sua investigação inicial do computador de Clinton. Também para dirimir se as mensagens podem conter informação classificada ou novos dados relevantes na investigação para a candidata democrata.

Por que o FBI fez o anúncio antes das eleições?

O julgamento sobre se o chefe do FBI fez ou não o correto ao mandar sua carta na quinta-feira, a menos de duas semanas das eleições, certamente o perseguirá pelo resto de sua carreira. No texto, explica que acredita ser necessário comunicar o Congresso que foi retomada a investigação sobre Clinton que ele já tinha considerado concluída. Caso Comey não tivesse informado o Congresso antes das eleições do dia 8, poderia ser acusado de querer interferir no resultado.

No entanto, o Departamento de Justiça, ao qual é vinculado, advertiu Comey de que comunicar o Congresso sobre as novas mensagens violaria as diretrizes que recomendam não comentar investigações em curso nem interferir no processo democrático, segundo a mídia norte-americana. Comey não se manifestou.

O diretor foi informado sobre esses novos e-mails na quinta-feira, mas o pessoal do FBI sabia desde o início de outubro que tinham sido encontrados e-mails no computador obtido na investigação a Weiner. Desconhece-se por que não informaram Comey na época.

Os novos e-mails podem ser relevantes?

Sim e não, dependendo se os agentes encontrarem algo novo sobre o uso que Clinton fez deles. É um delito federal o mau uso de informação de segurança nacional, por exemplo se Clinton colocou intencionalmente em risco com seu e-mail privado a comunicação segura de informação oficial. Na investigação encerrada em julho, o FBI eximiu a democrata de qualquer delito.

Mas a agência não conseguiu encontrar todos os aparelhos eletrônicos usados pela então secretária de Estado e seus assessores, e por isso é relevante para a investigação que agora apareça um novo computador que possa conter mensagens relacionadas ao computador privado de Clinton. Nas pesquisas anteriores, os agentes entrevistaram Clinton e Abedin.

Qual foi a reação ao anúncio do FBI?

A democrata Clinton pediu a Comey que divulgue todos os dados sobre a nova investigação e qualificou seu comportamento de “profundamente preocupante”. Para o republicano Trump, o anúncio do FBI representou um balão de oxigênio em um momento em que as pesquisas davam a Clinton uma vantagem de cinco pontos. Trump acusou seu rival de “conduta ilegal”, mas evitou reforçar a polêmica.

O líder democrata do Senado, Harry Reid, sugeriu que Comey pode ter violado a lei Hatch, que impede funcionários de usar seu cargo para influenciar uma eleição. “Mediante suas ações partidárias, ele pode ter violado a lei”, escreve Reid em uma carta ao diretor do FBI, a cujo rascunho o Journal teve acesso.

A divulgação afetou as pesquisas?

A vantagem de Clinton frente a Trump nas pesquisas diminuiu desde sexta-feira de 5 pontos percentuais para 4,3, segundo a média da publicação Real Clear Politics. Mas se desconhece se se deve sobretudo à melhora que o republicano já vinha experimentando nos dias anteriores ou ao anúncio do FBI.

Uma sondagem do The Washington Post e ABC News, divulgada neste domingo e realizada entre terça e quinta-feira, concede a Clinton apenas um ponto de vantagem frente a Trump se os dois candidatos forem considerados de forma independente. Três em cada dez votantes garantem que o anúncio do FBI torna mais improvável que apoiem a democrata. Para seis em casa dez, o anúncio não muda nada.

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