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Ministério Público Federal investigará suposto infiltrado do Exército em manifestação

Esta é a quarta investigação aberta sobre o caso do militar apontado como infiltrado entre manifestantes em São Paulo

Marina Rossi

O Ministério Público Federal (MPF) vai investigar a atuação do capitão do Exército Willian Pina Botelho apontado como infiltrado em um grupo de manifestantes detidos antes de um ato pelo Fora Temer em São Paulo no dia 04 de setembro. O caso foi revelado por EL PAÍS e pela Ponte Jornalismo no último dia 9.

O capitão Willian Pina Botelho.
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No ofício, encaminhado pela Câmara de Controle Externo de Atividade Policial e Sistema Prisional do MPF, é solicitado que a Procuradoria da República em São Paulo investigue se houve "excessos ou irregularidades na atuação do capitão Botelho" durante a manifestação daquele dia.

O advogado Ariel Castro Alves, membro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, explica que a finalidade da investigação deve ser "esclarecer se o oficial agiu clandestinamente e individualmente, ou de forma planejada por meio de acordo entre o exército e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo". A secretaria de Segurança Pública do Estado nega a existência de uma ação em conjunto com o Exército na ocasião.

Esta é a quarta investigação em andamento sobre o caso. Além do MPF, o Ministério Público de São Paulo, a Câmara dos Deputados - por meio de quatro pedidos apresentados à Comissão de Direitos Humanos e Minorias - e o Ministério da Defesa também estão em processo de apuração. Na semana passada, Raul Jungmann, ministro da Defesa, afirmou ao UOL que a pasta havia aberto uma sindicância e que o caso será apurado em 20 dias, a contar a partir do último 16. "Não vou me antecipar, mas vou dizer duas coisas: em primeiro lugar, o Exército e as Forças Armadas agem na mais absoluta legalidade. Segundo: qualquer um que exceda ou cruze a linha dessa legalidade, será exemplarmente punido", disse ao portal.

O capitão Botelho se apresentava como Balta Nunes. Pelas redes sociais, fazia contato com manifestantes e tentava se relacionar com garotas por meio do Tinder. No último dia 04, estava entre os 21 manifestantes detidos antes de um ato contra o Governo Temer. Embora estivesse junto com os demais no momento da abordagem policial, Botelho foi o único que não foi levado com o grupo para a Delegacia de Investigações Criminais (Deic). Eles ficaram detidos por quase 24 horas, até a audiência de custódia ser realizada e o juiz considerar as detenções ilegais

Em um primeiro momento, a Polícia Militar afirmou, por meio de nota, que "não conhece" Botelho, assim como "qualquer ação de inteligência que tenha sido realizada por outro órgão de segurança". Depois, questionada sobre por que Botelho não foi levado para a delegacia com os demais, a PM respondeu que o suposto infiltrado não apresentava "indícios de seu envolvimento em ações ilícitas".

O Exército afirmou, por meio de nota, que Willian Pina Botelho é capitão da corporação e está lotado no Comando Militar Sudeste, em São Paulo. Disse também que que abriu um processo administrativo para apurar o caso.

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