_
_
_
_
_

Sexo, ambição e fidelidade na sombra de Hillary Clinton

A assessora e confidente Huma Abedin compartilha sucessos e escândalos com sua mentora

Silvia Ayuso
Huma Abedin e Hillary Clinton em campanha
Huma Abedin e Hillary Clinton em campanhaAP

Huma Abedin tomou a decisão de separar-se definitivamente de seu marido, o ex-congressista democrata Anthony Weiner, pouco antes ou depois –ou talvez durante– de um evento de arrecadação de fundos para Hilary Clinton. Teria sido difícil encontrá-la em outro lugar, longe da que tem sido sua mentora, amiga e confidente.

Ela havia comemorado seu último aniversário, em 28 de julho, também com Clinton, na Filadélfia, onde esta realizava nesse dia o sonho de sua vida ao ser nomeada candidata democrata à Casa Branca. Era uma vitória conjunta, embora a ex-secretária de Estado fosse a ovacionada. Abedin está acostumada a ficar à sombra de Clinton, embora nunca muito longe. Essa tem sido a discreta, mas imprescindível posição que ocupou em metade de sua vida, sempre fiel a quem aspira ser a primeira presidenta dos Estados Unidos.

Toda uma vida ao lado de Clinton

Mais informações
Hillary Clinton mostra estratégia para desmascarar Donald Trump
Hillary Clinton promete “liderança firme” num “momento decisivo”
Investigação de Clinton pelo FBI: esquecimento e um telefone quebrado com martelo

 E isso porque Huma Abedin (Kalamazoo, Michigan, 1976) sempre havia sonhado em ser a próxima Christiane Amampour, a repórter de destaque da rede CNN. A filha de um intelectual muçulmano indiano e uma acadêmica paquistanesa foi criada desde os dois anos de idade em Jidá, na Arábia Saudita. Abedin só regressou aos EUA, sua terra natal, aos 18 anos, para estudar na Universidade George Washington. Em 1996, entrou com uma bolsa de estudos na Casa Branca. Seu objetivo era trabalhar para o secretário de imprensa do então presidente Bill Clinton, mas acabou no gabinete da primeira-dama. Nunca mais se separaria de Hillary Clinton. Quando esta se candidatou ao Senado, em 2000, Abedin já era sua assistente pessoal, um papel que manteve durante a primeira tentativa dela de chegar à Casa Branca, em 2008, e quando Clinton se tornou secretária de Estado do primeiro governo de Barack Obama. Abedin conheceu seu marido, Weiner, durante um encontro democrata em 2001. O ex-presidente Bill Clinton os casou nove anos depois, ela enfronhada em um espetacular vestido de Oscar de la Renta. O mundo da moda é sua segunda paixão, ao qual diz que se teria dedicado se não houvesse cruzado com Hillary em seu caminho. De sua atual posição como vice-presidenta da campanha de Clinton, Abedin viaja para onde a candidata for, decide muitas coisas com ela, ou até por ela, e todo mundo a descreve como a pessoa a contatar se se quer chegar a Clinton, para quem é como uma segunda filha.

“Ao longo dos anos, compartilhamos mais almoços do que posso contar, celebramos juntas e nos consolamos juntas”, contava, talvez profeticamente, a própria Abedin no número de agosto de Vogue, que saiu poucos dias antes de romper definitivamente o casamento. Isso aconteceu em 28 de agosto, quando The New York Post publicou a última rodada de fotos de conteúdo sexual que Weiner tinha enviado a outra mulher, reincidindo em um comportamento que já lhe custara sua promissora carreira política em Washington em 2011 e, dois anos mais tarde, a tentativa de concorrer à prefeitura de Nova York. Durante todos esses escândalos, Abedin permaneceu a seu lado, algo incompreensível para muitos dos que exaltam a inteligência e o instinto político da mão direita de Hillary Clinton.

Uma relação tóxica demais

Talvez ser surpreendida três vezes tenha sido demais ou a gota que fez transbordar o vaso da paciência de Abedin seja que em uma das fotos em roupa íntima de Weiner se veja, a seu lado, o filho pequeno do casal, Jordan. Também é possível que o último episódio do escândalo Weiner-Abedin –que desde o princípio provocou comparações com a atitude de Hillary Clinton durante o escândalo sexual de seu marido pela relação com a estagiária Monica Lewinsky– tenha ocorrido no pior momento possível. A apenas dois meses das eleições e em pleno recrudescimento dos ataques entre Clinton e o candidato republicano, Donald Trump, a campanha democrata não pode dar mais armas ao conservador, que não duvida em explorar os pontos mais sujos de sua rival e seu entorno. Além disso, Abedin está sendo também afetada por outro escândalo que envolve a campanha de sua mentora, já que foi vinculada aos correios eletrônicos que evidenciam os laços entre a Fundação Clinton e o Departamento de Estado. Se Hillary Clinton chega finalmente à Casa Branca, Abedin estará de alguma forma a seu lado, pode até vir a ser chefa de gabinete. Com sua experiência ao lado de uma das mulheres mais poderosas do mundo, poderia tentar carreira política própria. No momento, porém, diz que não tem outros planos senão seguir ao lado de sua amiga e chefa. À sombra, mas sempre perto.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_