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Investigação de Clinton pelo FBI: esquecimento e um telefone quebrado com martelo

Ex-secretária de Estado disse desconhecer, depois da concussão cerebral que sofreu, todas as sessões sobre o uso de informação sensível

Hillary Clinton durante um discurso de campanha em 25 de agosto.
Hillary Clinton durante um discurso de campanha em 25 de agosto.C. Kaster (AP)

A expressão “Clinton não se lembra” aparece dezenas de vezes nos documentos do FBI difundidos na sexta-feira sobre o interrogatório que investigadores da agência fizeram com Hillary Clinton pelo uso de um email privado quando era secretária de Estado. No interrogatório, realizado no início de julho, a candidata democrata às eleições presidenciais disse desconhecer um sem-número de assuntos relacionados com a segurança do servidor que tinha em sua residência e considerou ter realizado de forma segura suas comunicações.

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Clinton explicou aos investigadores que, depois de sofrer em 2012 uma concussão cerebral, não se lembrava de todas as sessões que recebeu sobre o uso de informação sensível quando iniciou sua saída do Departamento de Estado, em 2013. A oposição republicana utilizou a pancada na cabeça de Clinton para questionar a saúde dela.

O FBI, dizem os documentos, não encontrou provas de que piratas informáticos tenham tido acesso às mensagens de Clinton, mas não pôde chegar a uma conclusão definitiva por não poder obter todo o equipamento tecnológico usado pela ex-chefa da diplomacia norte-americana.

No interrogatório Clinton admitiu que não pediu explicitamente permissão ao Departamento de Estado para utilizar o próprio email particular em suas comunicações oficiais, embora tenha declarado que não buscava com isso contornar as leis sobre o arquivo de dados do Governo e disse desconhecer se alguém a advertiu sobre o uso do email. Também afirmou que não recebeu instruções sobre a preservação de seus registros durante a transição para deixar de ser secretária de Estado.

A difusão dos documentos –dois resumos do interrogatório e da investigação do FBI sobre os e-mails– ocorre depois de petições judiciais de vários meios de comunicação e garante que o caso das mensagens, que alimentou as acusações de secretismo contra o casal Clinton, continuará vivo a dois meses das eleições para a Casa Branca, nas quais a democrata parte com vantagem contra o republicano Donald Trump.

Depois do interrogatório, o FBI considerou que não havia motivos suficientes para apresentar acusações contra a ex-primeira-dama, mas a acusou de ser “extremamente descuidada” com seu correio eletrônico. Seguindo a recomendação do FBI, o Departamento de Justiça encerrou em julho sua investigação de Clinton.

Os documentos dão algumas pistas sobre os motivos que podem ter levado o FBI a fazer essa recriminação. No resumo da investigação foi assinalado que Clinton mudava com frequência de modelo de telefone celular BlackBerry e que dois assessores dela explicaram que era “frequente” não saberem onde estavam os aparelhos antigos enquanto um novo era instalado. Também explicaram que em pelo menos duas ocasiões os antigos celulares foram destruídos com um golpe de martelo ou quebrando-os pela metade, com a mão.

Na entrevista, Clinton reitera o que vem dizendo desde que o caso foi revelado, há mais de um ano: que decidiu usar somente um email particular –e não o do Departamento de Estado– por razões de comodidade e que confiou na segurança do servidor privado –com o qual o email estava conectado– que seu marido, Bill, havia instalado em sua residência em Nova York.

Segundo anunciou o FBI em julho, a ex-primeira-dama enviou ou recebeu 110 mensagens contendo informação classificada, mas a maioria delas não tinha então a designação de classificada.

“Clinton não se lembrava de ter recebido nenhum email que ela acreditasse que não devesse estar em um sistema não classificado”, dizem os documentos. “Ela confiava na avaliação dos funcionários do [Departamento] Estado quando escreviam a ela, e não pôde recordar de ninguém manifestando preocupação em relação à sensibilidade da informação que recebeu em seu endereço de email”.

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