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Eleições nos EUA

Hillary Clinton enfrenta novas dúvidas sobre sua honestidade

Os donativos para sua fundação e os e-mails secretos marcam a campanha

Marc Bassets
Hillary Clinton toma um sorvete em New Hampshire.
Hillary Clinton toma um sorvete em New Hampshire.BRIAN SNYDER (REUTERS)

Hillary Clinton, possível candidata democrata à Casa Branca, enfrenta novos questionamentos à sua honestidade. Desde que, em abril deste ano, anunciou sua candidatura às eleições presidenciais de 2016, o fluxo é incessante: doações interesseiras para sua fundação filantrópica, cobranças milionárias por seus discursos e os de seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, e-mails secretos em seu mandato como secretária de Estado. Até agora, porém, ninguém provou qualquer ilegalidade e os efeitos sobre as pesquisas são mínimos.

Os Clinton têm sido uma presença constante para os norte-americanos durante algumas décadas. Seus escândalos falsos e verdadeiros, de Whitewater a Lewinsky, fazem parte do vocabulário político do país.

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Uma imagem, quase uma caricatura, se consolidou ao longo dos anos no mundo midiático e político: o de um casal, Bill e Hillary Clinton, sempre no fio da legalidade ou do eticamente aceitável. Com os Clinton, que estão há quase quarenta anos no poder ou em suas adjacências, cada gesto é passível de trazer uma intenção oculta; cada negócio, um indício de corrupção.

Uma figura-chave da política norte-americana, que ajuda a entender muitas obsessões de Washington atualmente, é Richard Nixon, o presidente que caiu com o escândalo de Watergate. É o termo de comparação usado por alguns detratores de Hillary Clinton, candidata às eleições presidenciais de novembro de 2016. “Ela não é Nixon. Não há provas de que tenha feito nada parecido com o que aconteceu no Governo Nixon”, conclui o historiador Julian Zelizer. “Mas ela vive sob a sombra de Nixon”. Assim como todos os políticos desde os anos 1970, acrescenta.

A campanha de Hillary Clinton —ex-primeira dama, ex-senadora, ex-secretária de Estado— teve início em meados de abril. Desde então, não há uma semana em que não seja vazada ou divulgada alguma informação que alimente a desconfiança.

Já ocorreu em 2008, quando ela enfrentou Barack Obama nas primárias para a candidatura democrata e Obama baseou parte de sua estratégia em minar a credibilidade de Clinton. Agora o foco aponta para a Fundação Clinton. O trabalho filantrópico da fundação não é questionado. O problema são os donativos de indivíduos, empresas e governos estrangeiros. Quando Obama nomeou Clinton como secretária de Estado, em 2009, foi levantada a possibilidade de que outros países influíssem, por meio da fundação, na política externa dos EUA.

Nas últimas semanas foi publicado um livro —Clinton cash, do conservador Peter Schweizer— e pesquisas na imprensa que levantam mais suspeitas. O jornal The New York Times se concentrou nos donativos —de milhões de dólares— de um fabricante canadense de urânio interessado em que a Administração Obama, enquanto Clinton era secretária de Estado, aprovasse sua venda para a agência atômica russa, Rosatom.

Filantropia e poder

Bill Clinton, presidente de 1993 a 2001, dedicou-se à filantropia depois de deixar a Casa Branca. O nome atual da fundação é Bill, Hillary & Chelsea Clinton Foundation.

As doações estrangeiras são proibidos nas campanhas dos EUA para evitar ingerências. Mas não para as fundações.

A fundação impôs restrições: apenas seis governos podem continuar doando diretamente e as atividades no exterior foram reduzidas.

O Governo acabou aprovando a venda. Não há provas de que Clinton tenha participado da autorização, nem de que isso tivesse a ver com a doação. Mas a aparência de conflito de interesses e de troca de favores coloca uma sombra sobre a candidata.

“Os Clinton”, diz Zelizer, “estão na política há muito tempo, e este é um sistema no qual o dinheiro está em toda parte”. O resultado: é inevitável que ambos carreguem uma bagagem incômoda e que o dinheiro —o que foi cobrado ou o que sua fundação recebeu— esteja sob escrutínio. Assim como sua credibilidade, sua confiabilidade: o caráter, como dizem nos EUA. Ou seja, a honestidade.

Episódios recentes apontam nessa direção. Primeiro, o dos e-mails de Clinton durante seu mandato à frente do Departamento de Estado, e-mails privados usados para fins profissionais. E, segundo, o dos valores cobrados pelos discursos de ambos, alguns financiados por entidades com interesses nos EUA: mais de 25 milhões de dólares desde o início de 2014.

Nada disso parece afetá-la diante dos eleitores. Nas pesquisas, Clinton tiraria mais de 50% de votos de qualquer rival democrata nas primárias e bateria qualquer republicano nas eleições.

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