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Desaparece o jornalista venezuelano que informou sobre protestos contra Maduro

Braulio Jatar desapareceu na manhã de sábado em Porlamar, quando se dirigia à emissora de rádio onde conduz um programa diário

Maduro e sua mulher em um ato em Caracas.Vídeo: HANDOUT (REUTERS)

O editor do jornal digital Reporte Confidencial (Informe Confidencial), do Estado de Nova Esparta (Caribe oriental venezuelano), Braulio Jatar, desapareceu na manhã de sábado na cidade de Porlamar, quando se dirigia à emissora de rádio onde conduz um programa diário. De acordo com informações divulgadas de modo extraoficial, mas sem confirmação no momento em que este artigo era redigido, o comunicador e também advogado teria sido detido pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência, polícia política) como parte das batidas em andamento desde a noite de sexta-feira, quando em um povoado da Ilha Margarita, principal território dessa província composta por três ilhas, o presidente Nicolás Maduro foi assediado a curta distância e expulso pelos habitantes.

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O presidente venezuelano visitou na sexta-feira à noite o bairro de Villa Rosa, um setor popular nos arredores de Porlamar, a maior cidade de Margarita. Dali pretendia fazer uma transmissão ao vivo para a televisão nacional. No entanto, durante seu percurso pelo local dezenas de pessoas conseguiram cercar Maduro e, entre insultos e batidas em panelas, fizeram-no fugir. Diversos vídeos do incidente foram difundidos no final da noite de sexta-feira pelas redes sociais, que ferveram em respostas e comentários. No Twitter Henrique Capriles, governador do Miranda, divulgou um vídeo do protesto.

O jornal digital Reporte Confidencial foi um dos primeiros órgãos da mídia a difundir, da Ilha Margarita, as imagens, vexatórias para o presidente –em meio de um declínio acentuado de popularidade– e para seu esquema de segurança.

Jatar não chegou na manhã do dia seguinte a seu programa matutino, para o qual havia anunciado que revelaria novas informações sobre o incidente. “Falei com ele minutos antes de sair para seu programa”, declarou para o EL PAÍS por via telefônica, de Boston, Estados Unidos, a irmã do editor, Ana Julia Jatar, conhecida economista venezuelana e esposa de seu colega, também venezuelano, Ricardo Hausmann, catedrático da Universidade Harvard. “Ele me disse que estava preocupado com a repressão que estavam vivendo na ilha depois do panelaço da sexta-feira à noite.”

De acordo com organizações locais de defesa dos direitos humanos, pelo menos 30 pessoas teriam sido detidas em Villa Rosa depois da visita do presidente Maduro. Circulam múltiplas denúncias sobre confiscos de telefones celulares no setor.

Jatar, que também tem nacionalidade chilena, já havia sido visitado em outras ocasiões por agentes da polícia política, organismo onde, por ora, se supõe que esteja detido. “Foram percorridas todas as sedes do Sebin em Nova Esparta e ainda assim, sete horas e meia depois de seu desaparecimento, nada sabemos de seu paradeiro”, relatou Ana Julia Jatar.

Da cidade de Washington, o diretor da Human Rights Watch (HRW) para as Américas, José Miguel Vivanco, comentou em sua conta do Twitter que “@NicolasMaduro acusa @BraulioJatar pelo panelaço contra ele em Margarita”.

A oposicionista Mesa de Unidade Democrática convocou um panelaço nacional no sábado à noite em protesto pelas incursões em curso na Ilha Margarita.

Na Ilha Margarita está previsto que, a partir de 13 de setembro, o Governo de Maduro receba os representantes de 120 nações que integram o Movimento de Países Não Alinhados (NOAL), que participarão nesse destino turístico de sua XVII Cúpula trienal.

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