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Obama apresenta o maior paraíso protegido do planeta

O presidente dos EUA visita Papahānaumokuākea, a maior área protegida do mundo Santuário natural é lar de mais de 7.000 espécies marinhas e quadruplicou de tamanho

Barack Obama, durante sua visita a Papahānaumokuākea.Vídeo: CAROLYN KASTER (AP)
Manuel Ansede

No dia de São Valentim de 1779, 14 de fevereiro, morreu o explorador britânico James Cook, o famoso Capitão Cook. Foi assassinado a golpes na Ilha Grande do Havaí, no meio do Oceano Pacífico, por indígenas cansados da ocupação violenta de suas terras. Os pedaços de seu corpo, esquartejado, foram divididos igualmente entre os chefes das tribos da ilha. Mudou muito, depois disso, os métodos havaianos para preservar seu paraíso. “Esse é um local sagrado e deve ser tratado como tal”, disse na quinta-feira o presidente dos EUA, Barack Obama, ao apresentar oficialmente a maior área protegida do mundo, o Monumento Nacional Papahānaumokuākea, cujo tamanho quadruplicou, chegando aos 1,5 milhão de quilômetros quadrados.

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O santuário natural tem uma área que é o triplo da Espanha e é o lar de mais de 7.000 espécies marinhas, incluindo os animais mais antigos do planeta, os corais negros, que podem ter mais de 4.500 anos.

Obama, nascido em Honolulu em 1961, visitou o novo parque coincidindo com o início do Congresso Mundial da Natureza, que vai ocorrer até 10 de setembro na capital havaiana. O presidente, que não conseguiu pronunciar o nome da reserva, mergulhou, de acordo com a Casa Branca, nas águas cristalinas de Papahānaumokuākea para contemplar com um snorkel o ecossistema subaquático.

“Quero que dentro de 20, de 40, de 100 anos, este seja um lugar no qual as pessoas ainda possam vir e ver como é uma área que não foi destruída pelos humanos”, Obama afirmou solenemente. No entanto, o texto de ampliação da reserva marinha, publicado em 26 de agosto, deixa o caminho livre para um uso potencialmente destrutivo: o militar. “As proibições estabelecidas por esta proclamação não são aplicáveis às atividades e exercícios das Forças Armadas dos EUA”, diz o documento.

“A atividade militar vai continuar como até agora. Para nós, o importante é que os militares poderão monitorar a pesca ilegal e colocar seus satélites a serviço da conservação”, afirmou em Honolulu o geólogo Seth Horstmeyer, da The Pew Charitable Trusts, uma organização independente que foi fundamental na proteção de Papahānaumokuākea.

A ampliação da reserva foi feita em tempo recorde. Em 29 de janeiro de 2015, sete personalidades havaianas escreveram a Obama para pedir mais proteção para as águas do noroeste havaiano. Em 16 de junho deste ano, o senador norte-americano Brian Schatz apresentou uma proposta para ampliar o Monumento Nacional de Papahānaumokuākea, criado há 10 anos por George W. Bush. Em 26 de agosto, Obama assinou a quadruplicação do seu tamanho.

“Esse é um local sagrado e deve ser tratado como tal”, disse o presidente dos EUA

Schatz reconheceu na quinta-feira que será “um grande desafio” gerenciar e vigiar os 1,5 milhão de quilômetros quadrados protegidos. Na verdade, o senador pelo Havaí admitiu que “ainda não está articulado” o sistema que vai realizar a proteção de Papahānaumokuākea.

Obama visitou o Atol de Midway, no coração da reserva e a meio caminho entre a Ásia e a América do Norte, como indica o próprio nome em inglês. O local foi palco em 1942 de uma das batalhas mais decisivas da Segunda Guerra Mundial. O porta-aviões norte-americano USS Yorktown, torpedeado pelos japoneses, repousa no fundo do mar junto com outros destroços, apesar da vitória dos EUA. E Midway é também o cemitério de 3.000 soldados. Para Obama, essas mortes transformam o lugar em “sagrado”.

Fotografia do Atol de Midway do Air Force One, o avião do presidente norte-americano.
Fotografia do Atol de Midway do Air Force One, o avião do presidente norte-americano.JONATHAN ERNST (REUTERS)

“Não só criou a maior reserva do mundo, Obama também criou o maior refúgio climático”, aplaude Horstmeyer. Das 7.000 espécies marinhas que habitam o santuário, um quarto delas só existe em Papahānaumokuākea. Também vivem ali espécies ameaçadas de extinção, como a tartaruga verde, a foca-monge havaiana e pato mais ameaçado do mundo, o pato Laysan, que segundo cálculos conta com apenas 500 adultos na face da Terra.

O Congresso Mundial da Natureza que será realizado em Honolulu é um dos eventos de conservação mais importante na história. Reúne 9.000 participantes de mais de 190 países, organizados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que pagou a viagem do EL PAÍS a Honolulu. A UICN é a principal rede ambiental do mundo e consiste em 1.300 membros, de Estados soberanos a ONGs.

Na abertura do congresso, o presidente de Palau, Tommy Esang Remengesau, lembrou que apenas 2% dos oceanos do mundo estão protegidos. Palau, uma nação insular no Oceano Pacífico, com 20.000 habitantes, protege 80% da sua Zona Econômica Exclusiva, a faixa de mar que se estende até 200 milhas da costa. “Papahānaumokuākea é um grande começo, senhor. Obama. Quando tiver protegido 80% da sua Zona Econômica Exclusiva terá entrado nas ligas maiores”, Remengesau desafiou o presidente dos EUA, meio brincando, meio em sério.

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