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Diego Costa: “Como não sou espanhol nato, vão me criticar pela falta de gols”

Atacante fez seu melhor jogo pela seleção da Espanha, apesar de não encontrar o caminho do gol.

Ladislao J. Moñino
Diego Costa cumprimenta Courtois.
Diego Costa cumprimenta Courtois.ERIC VIDAL (REUTERS)

O primeiro controle e o giro que Diego Costa fez assim que entrou em campo contra a Bélgica, em partida amistosa que terminou em 2 a 0 para a Espanha (gols de David Silva), já anunciavam o jogador incisivo e nocivo que era visto no Chelsea e nos seus melhores anos no Atlético de Madri. Na zona mista, apresentou-se guerreiro, disposto a reivindicar seu valor e a acertar as contas pelas críticas que recebe. A partir da sua entrada em campo nesta quinta-feira, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, a seleção espanhola se tornou mais ameaçadora, e a defesa belga começou a sofrer. Não fez gol, “mas se eu continuar jogando assim ele chegará”, avisou o atacante. “Acho que vocês [a imprensa], se fosse um jogador do Real Madrid ou do Barcelona, diriam que fiz uma boa partida e que mudei, mas como não sou espanhol nato as pessoas gostam de criticar a falta de gol”, cutucou o sergipano. “Em muitos momentos vocês têm razão, não digo que eu tenha feito grandes coisas com a seleção, mas quando faço as coisas direito também gosto que digam, não só que me critiquem porque não marquei, porque eu também faço parte da seleção. Esta foi a minha melhor partida.”

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Enquanto falava, Costa parecia se libertar. “Em todas as equipes onde joguei foi assim. Tenho qualidade, faço gols, não é sempre o contrário. Claro que algumas vezes exagero e me enrolo de verdade, mas outras vezes, com um pouquinho já fazem tempestades. Sou o primeiro a perceber quando faço bobagem.”

A atuação de Costa foi uma boa notícia para Julen Lopetegui, treinador da Fúria, que definiu com precisão essa relação: “Não existe presunto sem osso. Não fiquem com o osso”.

Parte do plano Lopetegui passa por devolver seus jogadores à infância, ao prazer de jogar por jogar. Sua tarefa é, em parte, levá-los a esse estado, abstraindo a distorção que o profissionalismo e a alta competição implicam. A palavra divertir-se é habitual no discurso do novo treinador, e nesta quinta-feira, já com a vitória no bolso, voltou a usá-la. Quer uma satisfação coletiva através dessa recreação individual dos jogadores em sua relação com o jogo. “Estamos contentes com o resultado e com a atitude dos garotos, que quiseram se divertir sendo uma equipe. Jogam muito bem e têm muitas virtudes”, afirmou o técnico basco, que se aprofundou na importância de manter o lado lúdico e recreativo do futebol: “Todo mundo gosta de se divertir com seu trabalho”.

Lopetegui fez uma boa avaliação da equipe no ataque, mas admitiu que a defesa começou imprecisa e atemorizada. “Queremos que funcionem como equipe, e funcionaram com a bola e sem a bola. A Bélgica é perigosa quando o outro time os deixa correr, porque eles têm quatro ou cinco dos melhores jogadores do mundo nesse tipo de ação. Mesmo quando a partida estava mais equilibrada soubemos aproveitar.”

O papel dos jovens

Como seu antecessor Vicente del Bosque, Lopetegui está abrindo espaço para uma nova geração. Em sua primeira convocação, trouxe Carvajal, Koke, Thiago, Vitolo e Morata como parte dessa lufada de ar fresco com relação à Eurocopa. “Quando os mais jovens estão aqui não é à toa. Eles precisam ir assumindo seu papel. Hoje deram esse passo, terão que pouco a pouco ir agarrando a responsabilidade. É a lei da vida”.

Os belgas ficaram sem resposta em campo, e o público reagiu com irritação. Roberto Martínez, o técnico espanhol que estreava no banco de reservas local, disse que compreendia as vaias de sua torcida. “Perdemos a iniciativa aos 15 minutos. Não jogamos tão bem quanto poderíamos. Quando a Espanha fez o primeiro gol, acredito que não soubemos voltar para partida”, observou o catalão.

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