Chile abre espaço para o universo
O país andino constrói o museu interativo dedicado à astronomia mais importante da América Latina
Em apenas quatro anos, em 2020, o Chile abrigará 70% da infraestrutura astronômica mundial. As características de seus céus no norte do país, que os cientistas estrangeiros e nacionais pretendem transformar em patrimônio da humanidade para protegê-los da poluição luminosa, fazem deste país sul-americano uma potência em pesquisa e observação do universo. Com o objetivo de aproximar esses avanços da população e sobretudo das crianças, o Chile começou um projeto ambicioso: Espacio Universo, o mais importante espaço interativo dedicado à astronomia na América Latina. Um museu permanente de 700 metros quadrados que pretende se tornar uma referência mundial.
Apesar de o Chile não ter um desenvolvimento científico tão grande, conta com uma espécie de laboratório natural com condições extraordinárias para a astronomia. Segundo os cientistas, é um lugar único no mundo para a instalação de telescópios, pelo menos no Hemisfério Sul. Para a astrônoma María Teresa Ruiz, presidenta da Academia Chilena de Ciências, “este potencial precisa ser aproveitado para abrir a mente das crianças em relação à ciência”. Mas a pesquisa aponta para os benefícios que este tipo de projetos oferece à população em geral: “A astronomia ajuda a compreender que somos parte de um universo e que nossa história comum vem de bilhões de anos. Quão extraordinários somos os seres humanos e, ao mesmo tempo, quão iguais”.
O projeto abrirá suas portas em dezembro de 2017 e exigirá investimentos do Estado de dois milhões de dólares. Espacio Universo fará parte do Museo Interactivo Mirador (MIM), um complexo fundado há 15 anos e que tem um lema especialmente atraente para os cerca de 400.000 visitantes que anualmente chegam a suas salas: Proibido não tocar. Localizado no distrito de La Granja, no sul de Santiago, região humilde da capital chilena, o MIM tenta ser um agente de equidade e acesso igualitário a diferentes experiências relacionadas à ciência. Atrelado à Direção Sociocultural da Presidência, conseguiu fazê-lo com sucesso: é o terceiro museu mais visitado do país.
Espacio Universo será instalado em um prédio de três andares localizado a poucos metros do pavilhão central, que antigamente abrigou as exposições temporárias e, em algum momento, um aquário particular para o qual era preciso pagar um ingresso a parte. Nos jardins do MIM, todos os dias e a qualquer hora, é possível observar dezenas de crianças acompanhadas de seus pais ou professores. Parecem estar brincando mas, na realidade, estão aprendendo com todos os seus sentidos. No fundo da paisagem, a cordilheira dos Andes em todo o seu esplendor, como poucas vezes se pode observar em Santiago, cada vez mais poluída e lotada de edifícios altíssimos.
Espacio Universo representará um crescimento de 10% na superfície expositiva do museu e inclui 50 módulos de exposição permanente que serão divididos em seis áreas, com diferentes temas: o Sistema Solar, a vida das estrelas, a Via Láctea, as galáxias, o Universo no início e os diferentes tipos de observação do céu, onde se destacarão as vantagens do território chileno como lugar privilegiado para a exploração do cosmos. “Um estudo de 2015 indica que 78% da população acredita que a astronomia é uma ferramenta valiosa para melhorar as percepções de nosso país no exterior”, informa Myriam Gómez, diretora de Imagem de Chile.
O novo espaço do museu é patrocinado pelos mais importantes observatórios mundiais com presença no Chile, como Atacama Large Millimeter Array (ALMA), e sua exposição será organizada em torno de duas perguntas complementares: Como entendemos o universo hoje? Como exploramos o céu de nosso ponto de vista na Terra?
Para a diretora executiva do MIM, Orieta Rojas, “trata-se de um espaço único na América Latina e um dos poucos no mundo com essas características pelo tipo de conteúdos, metodologia lúdica de exibição e as dimensões do espaço”.
Uma das experiências sensoriais mais atraentes que o Espacio Universo terá foi apresentada esta semana: com o uso de realidade virtual, o visitante pode experimentar ser ejetado da Terra e, aparentemente em órbita, escolher entre viajar ao Sol ou a Júpiter. E presenciar alguns dos eventos astronômicos mais extraordinários.
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