Em discurso emocionante, Michelle Obama prega a união dos democratas em torno de Hillary Clinton
“Graças a Hillary minhas filhas acham natural uma mulher ser a próxima presidenta”, diz a primeira-dama
A participação de Michelle Obama na convenção democrata não foi meramente a de mais uma primeira-dama apoiando a candidata do partido de seu marido, mas serviu para consolidar a paz entre duas mulheres com uma relação muito difícil. Michelle conheceu Hillary Clinton em 2008, quando esta competiu com Barack Obama pela nomeação democrata em primárias que se tornaram muito virulentas, e foi difícil para ela virar a página dos ataques feitos ao hoje presidente durante aquela batalha.
“Nestas eleições só confio em uma pessoa como presidenta e é Hillary Clinton, estou com ela”, disse a primeira-dama em um discurso apaixonado e muito emotivo, que fez o público aplaudir em várias ocasiões. Apelou para o caráter histórico de uma mulher ser eleita para a Casa Branca, do mesmo modo como foi crucial um negro ganhar as eleições presidenciais em 2008. “Acordo toda manhã em uma casa que foi construída por escravos e hoje vejo minhas filhas, duas inteligentes garotas negras, brincarem em seu gramado”, resumiu Michelle Obama sobre o que é mudar a história de um país, e acrescentou: “Hoje minhas filhas acham natural uma mulher ser a próxima presidenta dos Estados Unidos graças a Hillary Clinton”.
Michelle Obama foi recebida na Filadélfia como uma estrela do rock. Provavelmente só Bernie Sanders obteve uma ovação maior quando pôs os pés no palco onde os democratas celebram uma convenção que começou turbulenta e polêmica. Mas um momento antes do senador, cujos seguidores não pareciam admitir a derrota nas primárias, foram as palavras da primeira-dama que marcaram uma virada nesse dia, quando se começou a sentir um clima de união nas arquibancadas do Wells Fargo Center na Filadélfia.
O apoio de alguém tão popular é um alento para Clinton, que ainda precisa se aproximar dessa parte do eleitorado democrata que a considera distante e amiga de Wall Street. E o discurso vibrante e entusiasmado de Michelle Obama não era dado como certo. No livro First Ladies (Primeiras-damas), publicado neste ano, Kate Andersen Brower conta as divergências entre ambas, que Michelle não perdoou as coisas que Hillary disse sobre Barack durante as primárias de 2008 e que não houve jantares de casal na Casa Branca, quando Clinton era convidada habitual como secretária de Estado.
Em 2007, quando lhe perguntaram se apoiaria a ex-primeira-dama se fosse nomeada em lugar de seu marido, Michelle evitou pronunciar-se. Já na Casa Branca, não fez nada para preservar um programa de apoio a sítios históricos que Hillary tinha promovido quando era primeira-dama, relata a obra. Algumas pessoas próximas a ela, além disso, deixaram escapar no início da campanha que ela gostaria que o vice-presidente, Joe Biden, com quem mantém uma ótima relação, tivesse optado pela candidatura democrata.
Mas a pessoa escolhida pelos democratas foi Hillary Clinton e o rival a bater nestas eleições é o republicano Donald Trump. Michelle apelou para isso. “Nesta eleição não nos podemos permitir estar descrentes ou cansados”, advertiu pedindo que as forças democratas se unissem. “Façamos o que fizemos oito anos atrás e quatro atrás”, acrescentou, e o público se entusiasmou. Também se referiu ao lema trumpiano (Faça a América voltar a ser grande) e o panorama sombrio sobre o país que a convenção republicana desenhou na semana passada para atiçar os norte-americanos: “Não deixem que ninguém lhes diga que este país não é grande”, disse, porque “este é, hoje, o melhor país da Terra”, e chegou o êxtase.
Seu discurso na convenção de 2008, a que coroou Barack Obama, já foi muito aplaudido. Ele foi relembrado na semana passada com o pronunciamento de Melania Trump, esposa do candidato Donald Trump, durante a convenção republicana de Cleveland, que copiava parágrafos inteiros daquelas palavras. A campanha do magnata nova-iorquino justificou-se dizendo que Melania tinha pedido a quem redigiu o discurso que captasse o espírito daquele pronunciamento porque a esposa de Trump admirava Michelle Obama (ainda que os republicanos tenham pintado o Governo Obama como um legado de morte e destruição). Será mais um capítulo no longo anedotário da história das primeiras-damas dos EUA.
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