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Polícia Federal prende 10 suspeitos de planejar ação terrorista na Olimpíada

Segundo as investigações, os suspeitos seriam simpatizantes do Estado Islâmico

A Polícia Federal brasileira prendeu nesta quinta-feira 10 suspeitos de planejar ações terroristas durante a Olimpíada do Rio de Janeiro. A operação secreta, batizada de Hashtag, foi desencadeada a poucos dias do início dos jogos pela Divisão Antiterrorismo, que investiga também as possíveis relações dos suspeitos com o Estado Islâmico. Segundo afirmou o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, alguns deles teriam feito um juramento online ao grupo radical islâmico, mas não houve contato pessoal com os militantes no exterior. As autoridades rastrearam as redes sociais, sites acessados e as mensagens trocadas entre os integrantes da célula por Telegram e WhatsApp. De acordo com Moraes, os possíveis atentados estavam em fase preparatória, e não contaria com apoio material ou financeiro do Estado Islâmico, o que caracterizaria uma ação de 'lobos solitários', assim como ocorreu em Orlando, nos Estados Unidos, e em Nice, na França.

Moraes afirmou que o grupo, integrado por brasileiros, era monitorado há algum tempo, e não tinham contato pessoal entre si, e cada um foi preso em um Estado diferente - Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. As autoridades perceberam uma radicalização da "célula terrorista" nos últimos meses. "Eles diziam sempre que o Brasil não fazia parte da coalizão que combate o Estado Islâmico, era um país neutro, logo a atuação deles deveria ser no exterior", afirmou o ministro. Posteriormente, no entanto, alguns dos suspeitos prestaram juramento ao EI - o chamado "batismo" - em um site na Internet ligado ao grupo terrorista. "A partir desse juramento, alguns atos preparatórios mais específicos começaram a ser realizados", disse Moraes, citando ordens trocadas entre eles para que iniciassem treinamentos em artes marciais e manuseio de armas de fogo.

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Um dos detidos teria, segundo o ministro, tentado comprar um fuzil de assalto modelo AK-47, de fabricação russa, em um site clandestino hospedado no Paraguai, o que para Moraes reforça a tese de que era uma ação "desorganizada". "Uma célula terrorista não compraria arma na Internet", disse o ministro. O grupo teria se radicalizado recentemente: "Em novas trocas de mensagens eles diziam que, em virtude da proximidade das Olimpíadas, como o país receberia vários estrangeiros, passaria a ser alvo dos ataques". De acordo com Moraes, não foram determinados alvos específicos das potenciais ações. Um dos integrantes teria, em mensagens, dito que planejava viagem a países onde o Estado Islâmico atua (Síria e Iraque, principalmente), mas desistiu por "razões financeiras".

Foram apreendidos com os suspeitos telefones celulares e computadores, que serão periciados. "Tudo será analisado com a maior rapidez possível para verificar se há outras ramificações ou não", disse o ministro, que no entanto fez a ressalva de que não acredita que isso seja uma possibilidade, tendo em vista que os presos já eram "rastreados há muito tempo". Dois mandados de prisão ainda não foram cumpridos, mas Moraes afirmou que os suspeitos "não estão foragidos". Os detidos ficarão em presídios federais de segurança máxima.

Segundo a Polícia Federal, as investigações tiveram início em abril, com o acompanhamento das redes sociais. "Os envolvidos integravam um grupo virtual chamado Defensores Sharia (a lei islâmica)", disse a PF em nota. Esta é a primeira ação realizada no país com base na polêmica Lei Anti-Terrorismo, aprovada na Câmara em fevereiro deste ano. Moraes afirmou que o crime de terrorismo é o único no qual suspeitos podem ser presos ainda durante a etapa de planejamento ou dos atos, "diferentemente do que ocorre num crime de homicídio, por exemplo". A pena de prisão prevista na lei para quem participa da organização de atos terroristas varia três a 15 anos de prisão.

Uma ONG com atuação na área humanitária e educacional também é investigada por sua possível participação no caso. O ministro não revelou o nome da entidade. A ação anti-terrorismo realizada hoje acontece dias após a Agência Nacional de Aviação Civil reforçar os procedimentos de segurança para voos domésticos em todos os aeroportos do país. Esta semana as forças de segurança também realizaram simulações de ataques terroristas no metrô de São Paulo e do Rio.

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