Agência Mundial Antidoping libera laboratório brasileiro para a Olimpíada
Laboratório havia sido suspenso em junho por não se adequar às exigências internacionais Agora, procedimentos serão fiscalizados por especialistas estrangeiros durante os Jogos

A Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês) cancelou na quarta-feira a suspensão provisória ao Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), que estava vigente desde 24 de junho. A WADA justificou a punição dizendo que o laboratório não havia cumprido as exigências para ser enquadrado nos padrões internacionais e apontou o que chamou de "erros de procedimento". A liberação nesta quarta foi um alívio para o COI (Comitê Olímpico Internacional) e para o governo brasileiro, que gastou 188 milhões de reais na reconstrução do laboratório para a Olimpíada.
A decisão tem efeito imediato, mas os testes e procedimentos serão acompanhados de perto por fiscais e especialistas estrangeiros durante os Jogos.
Segundo o Ministério do Esporte, a WADA realizou nas últimas semanas um processo de auditoria e revisão de procedimentos no LBCD. Localizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o laboratório é o único no Brasil credenciado pela Agência, mas tem sofrido para se adequar aos padrões internacionais. Casos de 'falsos positivos' levaram à primeira suspensão, em 2013. A punição fez com que os exames antidoping da Copa do Mundo de 2014 fossem realizados em Lausanne, na Suíça.
O local passou por reforma e foi reaberto em maio de 2015, com equipamentos novos, para ser utilizado nos Jogos Olímpicos. Em fevereiro de 2016, a WADA incluiu o Brasil em sua “lista de vigilância”, obrigando o laboratório e o país a adaptarem suas normas aos padrões internacionais antes de 18 de março. Três meses depois, a entidade considerou que o laboratório não havia cumprido as exigências e apontou “erros de procedimento” para justificar a segunda suspensão.
Em comunicado divulgado na quarta, o diretor-geral da Agência, Olivier Niggli, tranquilizou os atletas que serão analisados pelo laboratório durante a Olimpíada. "As análises de amostras antidoping foram vigorosas durante a suspensão do laboratório e também serão durante os Jogos. Estamos satisfeitos em anunciar que o credenciamento foi aceito".
A liberação encerra um capítulo delicado da preparação do Brasil para a Olimpíada. No começo do ano, o governo teve que criar uma medida provisória para adequar a legislação antidoping do país à da Agência Internacional. A medida só foi aprovada pelo Senado no dia 6 de julho, quando foi criada às pressas a Justiça Desportiva Antidopagem (JDA). O órgão estabelece novas regras para o controle de doping no Brasil, incluindo o cancelamento de títulos e recordes de atletas que forem pegos. Se a medida não fosse aprovada, o país e o LBCD seriam descredenciados pela WADA, o que obrigaria o Brasil a custear o envio para o exterior de todos os exames dos atletas durante os Jogos Olímpicos.