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Pokémon Go, um jogo letal na Bósnia

ONG da Bósnia alerta jogadores para o risco das minas não detonadas, um legado da guerra

TIZIANA FABI (AFP)

O Pokémon Go ainda nem chegou oficialmente à Bósnia Herzegovina, como a muitos outros países, mas para quem usa o aplicativo móvel da Nintendo neste país o jogo pode ser letal. Na terça-feira, a ONG Posavina Bez Mina (Posavina Sem Minas) lançou um alerta aos caçadores dos monstros imaginários criados nos anos 1990 para que não pratiquem seu novo passatempo nos campos minados que existem em muitas regiões do país, triste legado da guerra deflagrada entre 1992 e 1995 nessa república da extinta Iugoslávia.

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“Informaram-nos que usuários do Pokémon Go entram em áreas perigosas para apanhar os bichinhos”, diz a ONG em sua conta do Facebook. Muitos jogadores, ansiosos para encontrar Pikachu ou Charmander em seus celulares e jogar com eles pelas ruas piratearam o aplicativo, mas, como adverte a organização, o jogo pode ser perigoso, além da polêmica de perseguir pokémons em determinados cenários.

Posavina é uma região do norte da Bósnia, palco de combates intensos, onde as linhas de fogo se moveram com o passar dos anos, deixando muitos campos minados. “Pedimos aos cidadãos que não se aventurem e que respeitem os cartazes de advertência contra o perigo das minas”, acrescenta a ONG.

Desde o final da guerra, ao menos 604 pessoas morreram em explosões causadas por minas

Quase 21 anos depois do final de um dos conflitos mais devastadores da última metade do século XX, que deixou 100.000 mortos, dezenas de milhares de minas antipessoais ou antitanque, além de outros tipos de artefatos não detonados continuam presentes em 2,3% do território do país, ou 1.145 quilômetros quadrados, onde vivem 550.000 habitantes, 15% da população da Bósnia.

Desde o final do conflito, 604 pessoas morreram em explosões causadas por minas, entre elas 74 desminadores, e 1.131 ficaram feridas, segundo o Centro Bósnio de Eliminação de Minas (BHMAK), o principal organismo encarregado da desminagem do país, onde ainda há 120.000 não detonadas.

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