_
_
_
_

PMDB acua Governo Temer ao lançar candidato à presidência da Câmara

Ex-ministro de Dilma, Marcelo Castro vence disputa interna e contraria interesses da gestão interina

Marcelo Castro, ex-ministro de Dilma e candidato pelo PMDB.
Marcelo Castro, ex-ministro de Dilma e candidato pelo PMDB.Antonio Cruz/Agência Brasil

O PMDB, partido de Michel Temer, foi o responsável por deixar o presidente interino acuado e rachar ainda mais a sua base na disputa para a presidência da Câmara dos Deputados. Nesta terça-feira, véspera da votação, os peemedebistas, que têm a maior bancada da Casa com 66 representantes, lançaram o deputado piauiense Marcelo Castro, ex-ministro da Saúde de Dilma Rousseff, como o nome da legenda para a sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). De quebra, o candidato ganhou o apoio de parte da bancada do PT, após a interferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mais informações
Campanha para a presidência da Câmara começa com recorde de candidatos
Entenda o poder estratégico de um presidente da Câmara
Cunha renuncia à presidência da Câmara para tentar seguir como deputado

Até o início da noite desta terça-feira, 12 dos 13 candidatos eram da base de Temer. O mais bem visto pelo Planalto, até então, era Rogério Rosso (PSD-DF), o presidente da comissão do impeachment e um dos principais aliados de Cunha, que agora tenta descolar sua imagem da dele. O que pesa contra Castro, na visão de assessores de Temer, é que ele votou contra a abertura do processo de impeachment de Rousseff, em abril, e não seguiu a determinação de seu partido de entregar o cargo no primeiro escalão da petista quando o PMDB decidiu romper com o então governo federal.

A decisão de indicá-lo como o nome da legenda ocorreu após uma votação convocada às pressas para a manhã desta terça-feira. Os quatro pré-candidatos do partido foram votados e Castro, com 28 votos, saiu vencedor no segundo turno. Em segundo lugar ficou Osmar Serraglio, com 18 votos. Os outros dois postulantes, Carlos Marun e Fábio Ramalho, foram derrotados na primeira etapa. Ramalho deverá manter uma candidatura avulsa.

Apesar de ter sido colocada contra a parede, a gestão Temer diz, ao menos oficialmente, que não se sente pressionada. “Não vamos interferir no processo da Câmara. Gostaríamos de ter um candidato único da nossa base e acho que ainda é possível isso ocorrer”, afirmou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. O ministro diz ainda que não acredita qual algum candidato da oposição chegue ao segundo turno e que, ao chegarem dois governistas, espera que após o pleito todos devem se realinhar e cessar qualquer disputa. O temor do grupo Temer é ver sua gigantesca base, com cerca de 410 dos 513 deputados, se esfacelar antes mesmo de ver sua interinidade concluída. O peemedebista aposta no controle da Câmara para passar um pacote de medidas, incluindo algumas indigestas, ainda neste ano. Como demonstrado no caso no mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um presidente da Casa adverso pode causar bastante dor de cabeça.

O anúncio de que Castro seria o nome oficial dos peemedebistas, mexeu com todos os partidos. “A chegada de Marcelo Castro coloca todas as bancadas para rediscutirem”, alertou a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ). O PSDB, por exemplo, decidiu que não terá candidatos, declarou apoio ao representante do DEM, Rodrigo Maia, mas deu espaço a todos os outros fazerem campanha junto à sua bancada, inclusive Castro.

Aliados de Rosso, o favorito do Planalto, disseram à reportagem que ele estava desanimado com a sua candidatura. Em princípio, esperava ter mais de cem votos, mas com a disseminação de candidaturas, faz uma conta baixa que não ultrapassa os 60 votos. Na conta, estariam os 37 deputados de seu próprio partido, o PSD.

No caso de Castro, a conta inicial é de que ele teria ao menos 28 dos 66 votos do PMDB, já que esse foi o número de parlamentares que votou por escolhê-lo como o representante do partido. Em sua conta ainda estão votos de ao menos 30 dos 58 deputados petistas e de outros 25 ou 30 que seriam oposição/independentes com relação ao Governo Temer. Ou seja, teria entre 83 e 88 votos, o suficiente para, no atual cenário, colocá-lo no segundo turno. Outros postulantes ao cargo que ainda têm chances são Rodrigo Maia (DEM-RJ), Francisco Giacobo (PR-PR), Beto Mansur (PRB-SP), Luiza Erundina (PSOL-SP) e Espiridião Amim (PP-SC).

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

¿Tienes una suscripción de empresa? Accede aquí para contratar más cuentas.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_