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Redação de jornal em Buenos Aires é atacada

Encapuzados entraram à força no "Tiempo Argentino", controlado pelos jornalistas depois do abandono dos proprietários

Federico Rivas Molina
Destroços em um dos escritórios do jornal 'Tiempo Argentino'.
Destroços em um dos escritórios do jornal 'Tiempo Argentino'.Twitter

Na madrugada desta segunda-feira, em meio a uma forte tempestade, um grupo de 20 encapuzados entrou na redação do jornal Tiempo Argentino, expulsaram os jornalistas, destruíram a golpes as instalações e destroçaram os registros contábeis e trabalhistas. Um dos agressores se apresentou como Mariano Martínez Rojas, empresário que afirmou ser o proprietário do jornal depois da compra das ações do kirchnerista Sergio Szpolski. Szpolski e seu sócio Matías Garfunkel deixaram de pagar os salários em dezembro e abandonaram o edifício. Desde então, os jornalistas organizaram uma cooperativa de imprensa e, com o amparo da Justiça e do Ministério do Trabalho, relançaram Tiempo Argentino em formato semanal.

Os atacantes destruíram até a alvenaria da redação.
Os atacantes destruíram até a alvenaria da redação.Twitter

“Martínez Rojas e os capangas que contratou, armados com navalhas e encapuzados, colocaram os trabalhadores que estavam nas instalações para fora, cobriram as janelas e portas e começaram a destruir o lugar, as ferramentas de trabalho e a documentação da cooperativa ‘Por más tiempo’”, denunciou o Colectivo de Trabajadores de Prensa (CTP) em um comunicado. Segundo explicou Javier Borelli, presidente da cooperativa, o bando entrou na redação no bairro de Colegiales, em Buenos Aires, e expulsou os trabalhadores com o argumento de que tinham um contrato de aluguel. “Dizem ser os donos do imóvel, mas esse contrato foi rescindido. Estou na delegacia com as provas necessárias para mostrar a verdade”, disse Borreli. “O Ministério do Trabalho colocou os bens e as ferramentas do jornal sob nossa custódia, por isso estamos trabalhando lá”, disse.

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A situação se tornou violenta, com os encapuzados dentro das instalações e dezenas de jornalistas e policiais do lado de fora. Enquanto nas redes sociais se convocava as pessoas a se aproximarem local, os encapuzados tentavam fugir pelo teto. Finalmente abandonaram o edifício escoltados pelas forças de segurança.

As imagens divulgadas pelos jornalistas do Tiempo Argentino mostraram a violência do ataque: paredes destruídas, documentos esparramados pelas salas e o pó dos extintores de incêndio cobrindo todas as instalações.

Tiempo Argentino fazia parte de uma rede de meios de comunicação criada por Szpolski e Garfunkel, com uma linha editorial afim ao governo de Cristina Kirchner, que em troca investiu cerca de 800 milhões de pesos (mais de 17 milhões de reais) em publicidade estatal para seu financiamento. Mas, com a mudança de Governo, em dezembro o empresário decidiu se desfazer de suas marcas. No caso de Tiempo Argentino, parou de pagar os salários e abandonou as instalações. Os jornalistas desde então estão administrando o jornal. Além de uma página na internet, conseguiram manter com regularidade uma tiragem em papel que sai aos domingos.

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