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A intensa poesia de Ana Cristina César em destaque na Flip

Poetisa é homenageada em Paraty e protagoniza uma série de lançamentos e novidades

Ana Cristina César em 1982.
Ana Cristina César em 1982.Acervo do IMS

Prepare-se para dias intensos de Ana Cristina César (1952-1983), a poetisa carioca que foi ícone da poesia marginal que marcou a geração de 70, no Brasil, mas da qual você não escutou falar o suficiente. Ana C., que de 29 de junho a 3 de julho será homenageada na Flip - Festa Literária de Paraty, foi uma autora ativa e intensa – escreveu não só poesia –, mas que permanece ainda na sombra de outras escritoras (e escritores, principalmente) que alcançaram força maior, como Clarice Lispector, que ela lia criticamente.

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Estamos falando de um dos maiores nomes da poesia brasileira do século XX, que na carona da ode da Flip experimenta – postumamente – uma onda de lançamentos. O mais aguardado deles é uma fotografia que cobre seus 31 anos de vida e que inclui textos que ela escreveu (alguns deles aos seis anos). O livro se chama Inconfissões – Fotobiografia de Ana Cristina Cesar, foi organizada por Eucanaã Ferraz, poeta e consultor de literatura do IMS. e será lançado em Paraty pelo Instituto Moreira Salles – que pesquisa a autora e detém o acervo de sua obra. Fotos de Ana C., cuidadosamente selecionadas para a obra, são uma experiência à parte, já que ela – linda – deixa transparecer a vontade de ser fotografada e de construir através das imagens um alter ego.

Ana Cristina morreu pouco depois de ter lançado seu primeiro livro, A teus pés (relançado agora pela Companhia das Letras), por conta de uma depressão que a levou ao suicídio. Antes disso, ela já tinha publicado seus poemas em antologias e publicado pequenos livros artesanais – nos moldes de seus companheiros da chamada Geração 70, como Chacal e Paulo Leminski. Seus principais parceiros em vida, sobretudo na poesia, foram o poeta Armando Freitas Frilho, que participa da mesa de abertura da Flip neste quarta-feira e é também tema de um documentário de Walter Salles que será exibido em seguida, e Heloisa Buarque de Hollanda, que em 1975 lançou 26 Poetas Hoje, em que aparece Ana C., e ajudou a projetar os poetas marginais.

Outra novidade ao redor da jovem poetisa, também entregue pelo IMS, é a gravação de uma conferência que ela deu seis meses antes de morrer, em 1983, para alunos do curso Literatura de mulheres no Brasil, realizado pela professora Beatriz Resende na então Faculdade da Cidade, no Rio de Janeiro. No áudio, disponibilizado online pela Rádio Batuta, ela fala de seu único livro lançado por uma editora (o A teus pés), de seu processo de criação, de autores que lhe serviram de referência e de poesia em geral.

Por fim, ainda que certamente não seja a última das novidades que vêm por aí, a Companhia das Letras relança em 30 de novembro, no IMS em Paraty, o volume Poética, reunindo boa parte da obra de Ana Cristina. O livro, de 2013, é um mergulho no universo da poetisa, tão precoce, tão consciente e agora, ainda mais, tão eterna.

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