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Quatro policiais mexicanos torturam supostas testemunhas de um assalto

Agentes foram suspensos após divulgação de um vídeo em que eles agridem três homens para obter informação

Elena Reina
Cidade do México -
Um dos homens agredidos pelos policiais.
Um dos homens agredidos pelos policiais.

O homem chora ao receber um golpe seco na orelha. Um policial soca a têmpora e o abdome de três homens algemados pelos pés e mãos, ajoelhados. Supostamente têm alguma informação sobre o assalto a uma loja de luxo na Cidade do México, e decidiram que essa é a maneira mais rápida de obtê-la. As autoridades de segurança mexicanas enfrentam um novo caso de tortura contra civis, após a publicação de um vídeo nas redes sociais, reduzindo ainda mais a credibilidade das instituições perante os cidadãos.

Há apenas uma semana, outras imagens que mostravam soldados asfixiando uma mulher se tornaram virais. Como os homens deste vídeo, a mulher chorava assustada. O medo do que pode acontecer é maior que dos golpes.

As imagens são de setembro de 2014. Os homens não estão numa sala de interrogatórios, e muito menos existe uma justificativa para causar essas lesões. Os agentes da Polícia Bancária e Industrial escolheram supostas testemunhas dos fatos para obter declarações à força, ao lado da vitrine da loja Liverpool.

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Os quatro foram suspensos do seu cargo, segundo a Secretaria de Segurança Pública da Cidade do México. Depois que o vídeo foi publicado no Youtube, os agentes prestaram depoimento e serão julgados no Conselho de Honra e Justiça, que poderá expulsá-los da corporação. Paralelamente a esse julgamento interno, o Ministério Público da capital também está investigando o caso.

O advogado criminalista Ricardo Sánchez observa que o delito imputado aos policiais é o de abuso de autoridade. “A tortura é o que eles empregam para cometer o delito de abuso, o que é mais grave. Eles não estão repelindo uma agressão, não há uma causa legítima para provocar essas lesões.” Eles podem ser condenados a penas de um a seis anos de prisão. Mas, se a sentença não for ampliada por determinados agravantes, eles poderiam obter liberdade sob fiança.

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