Assad e Rússia preparam ofensiva para reconquistar Aleppo
Hostilidades ao redor da maior cidade do norte da Síria ameaçam cessar-fogo
O regime do presidente Bashar al-Assad e a Rússia, sua principal aliada, preparam-se para reconquistar Aleppo, parcialmente controlada pelas forças rebeldes sírias. Os combates se intensificaram nas últimas horas e provocaram pelo menos 35 mortes ao redor da maior cidade do Norte do país, segundo informações do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que teme que a generalização dos confrontos encerre o cessar-fogo que entrou em vigor em 27 de fevereiro, após cinco anos de guerra.
O primeiro-ministro da Síria, Wael al Halaki, afirmou nesta quinta-feira em Moscou, durante uma visita oficial, que a ofensiva era iminente. “Junto com nossos aliados russos estamos preparando uma operação para libertar Aleppo e expulsar todos os grupos armados ilegais que não aderiram ao cessar-fogo ou que o romperam”, anunciou Al Halaki, segundo a agência russa de notícias Tass.
A rede de informantes do Observatório verificou desde a noite de sábado intensos confrontos em vários pontos ao Sul de Aleppo entre as forças rebeldes da Frente Al Nusra (filial da Al Qaeda), que tiveram 19 mortes em seu efetivo, e tropas governamentais apoiadas por milicianos libaneses xiitas do Hezbolá, que sofreram 16 baixas. Os jihadistas da Al Nusra estão fora da trégua, pertencendo a um grupo considerado terrorista pela ONU, embora colaborem de perto em campo com outras milícias islâmicas que integram a oposição internacionalmente reconhecida.
A ofensiva do regime de Assad e de seus aliados russos e libaneses se dá após os ataques lançados pela Frente al Nusra e outras milícias rebeldes para tentar recuperar as áreas que perderam na região de Aleppo antes da entrada em vigor do cessar-fogo.
A interrupção das hostilidades, apadrinhada por Moscou e Washington, faz água por todos os lados. Os diversos combatentes tentam ganhar posições antes da retomada das conversações de Genebra, prevista para a próxima quarta-feira pela ONU. Elas estão marcadas por um clima de pessimismo diante das inconciliáveis diferenças entre o regime, que defende a permanência de Assad durante um processo de transição política, e a oposição, que exige a saída do presidente depois da formação de um Governo interino de unidade nacional.
O mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, chegou na noite de quinta-feira a Damasco, em nova tentativa de manter à tona as conversações indiretas de Genebra para uma transição política, depois de ter viajado a Moscou e antes de voar para Teerã, cujos Governos apoiam o regime de Assad e sua permanência no poder durante o processo de diálogo para buscar uma saída negociada para o conflito sírio. As forças rebeldes agrupadas no Alto Comitê para as Negociações denunciaram a retomada dos bombardeios russos no sul de Aleppo, onde a trégua já parece ter ido pelos ares. Depois dos recentes avanços frente ao Estado Islâmico (EI), o Governo de Damasco tenta reafirmar sua legitimidade por meio da realização de eleições parlamentares, convocadas para dia 13 e que não têm o reconhecimento da ONU.
Para os milhares de civis sírios que continuam cercados em frentes como Deraya, ao sul de Damasco, praticamente sem comida, a situação permanece desesperadora. O Programa Mundial de Alimentos da ONU enviou pela primeira vez nesta quinta-feira, usando paraquedas, 20 toneladas de ajuda humanitária urgente para a cidade de Deir Ezzor (no leste), cujos 200.000 habitantes estão sitiados desde 2014.
O EI, também fora da trégua na Síria, começa a ruir diante da ofensiva conjunta de todos os contendores. Já perdeu a história cidade de Palmira e a estratégica Al Quariantain para o Exército de Damasco, e vastas áreas da região petrolífera oriental de Deir Ezzor em razão do avanço da aliança curda e árabe das Forças Democráticas Sírias. A oposição sunita apoiada por Ancara tomou também Al Rai, principal posto de fronteira com a Turquia, antes controlado pelo califado. Pelo menos 24 combatentes do EI morreram na quinta-feira em bombardeios aéreos sobre Raqa, capital do califado na Síria, atribuídos à coalizão internacional encabeçada pelos Estados Unidos e que lançou também ataques contra as bases dos jihadistas no vizinho Iraque.
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