_
_
_
_
_

Macri se apresentará a um juiz para esclarecer situação nos Panama Papers

Presidente da Argentina vai se apresentar espontaneamente à Justiça

O presidente da Argentina, Mauricio MacriFoto: reuters_live
Mais informações
‘Panama Papers’ atingem políticos de ao menos sete partidos brasileiros
Promotor argentino quer investigar Macri por sua empresa nas Bahamas
Escândalo dos ‘Panama Papers’ faz premiê da Islândia pedir demissão

Macri tomou a iniciativa. Por causa do pedido de investigação apresentado pelo promotor Federico Delgado, o presidente da Argentina anunciou que se apresentará espontaneamente perante um juiz para mostrar as provas que, considera, o isentam de qualquer suspeita de gestão obscura nas empresas expostas em Bahamas pelos Panama Papers. Especificamente, Delgado pediu que um juiz determine se Macri cometeu o crime de “omissão de dados” quando em 2007 e 2008 não incluiu as empresas Fleg Trading Ltd. e Kagemusha S. A. na sua declaração de bens como prefeito de Buenos Aires.

“Sei que há pessoas preocupadas com os Panama Papers que me envolveram”, disse Macri. “Digo novamente que cumpri com a lei e não tenho nada a esconder. Nesse sentido não apenas fiz a declaração dizendo que não era acionista e que não recebi qualquer remuneração, mas fiz isso desde meu primeiro dia (como prefeito). Amanhã (hoje) vou me apresentar à Justiça para pedir uma declaração de certeza, com todas as informações para que um juiz verifique se o que eu disse é verdade e que não houve omissão maliciosa em minhas declarações de 2007 e 2008”, afirmou.

Macri falou em um evento organizado como uma conferência de imprensa e que havia gerado grandes expectativas pela possibilidade de fazer perguntas. Mas o cenário não era o esperado pelos jornalistas. Macri falou no Salão Branco da Casa Rosada, destinado a atos oficiais e anúncios do Governo. Colocou na primeira fila seus ministros e secretários, e os repórteres ficaram em um espaço separado no fundo do salão.

Depois de anunciar sua decisão de se apresentar a um juiz, Macri apresentou um projeto de lei de Acesso à Informação Pública, que considerou alinhada com as promessas de transparência institucional feitas durante sua campanha. “Governar é servir aos outros, mas isso só pode ser feito se há confiança baseada na verdade e na transparência”, disse Macri.

Mauricio Macri não respondeu perguntas dos repórteres.
Mauricio Macri não respondeu perguntas dos repórteres.AP

Para garantir a transparência do Estado, o Presidente considerou que era preciso primeiro dar o exemplo com seus bens e criou um fideicomisso em favor de terceiros que irão administrá-lo “de forma independente”. “Esta é a maneira que me desligo de tudo que tem a ver comigo e outras pessoas vão fazer a administração. Isso nunca tinha sido feito por nenhum presidente”, disse ele.

Macri pertence a uma das famílias mais ricas da Argentina, fortuna acumulada ao longo de décadas por seu pai, o empresário Franco Macri. Foi precisamente ser parte da elite do país o que mais pesou tanto em sua campanha como nos primeiros quatro meses de governo, especialmente por sua decisão de aplicar um duro ajuste econômico, com desvalorização do peso, aumentos de tarifas e demissão de mais de 10.000 empregados do setor público.

As revelações dos Panama Papers colocaram Macri na defensiva e deram espaço à oposição kirchnerista, golpeada pela prisão, em menos de uma semana de dois homens próximos à presidenta Cristina Kirchner (2007-2015), acusados de corrupção. No sábado, 2 de abril foi preso o ex-secretário de Transportes, Ricardo Jaime, e na terça-feira caiu Lázaro Báez, amigo pessoal de Néstor Kirchner acusado de enriquecimento através de contratos de obras públicas concedidos de maneira pouco clara.

Quando a situação parecia mais desfavorável para o kirchnerismo foram divulgadas as empresas de Macri nas Bahamas. As explicações do presidente não convenceram a oposição, que não demorou a levar o caso à Justiça. O deputado da Frente para la Victoria (FPV), Darío Martínez, foi o encarregado da estratégia que encontrou resposta favorável do promotor Delgado.

“A grande questão é para que criar empresas em paraísos fiscais”, disse Martínez a EL PAÍS. “Queremos que dê as explicações que não está dando publicamente. A resposta do Gabinete e do pai de Macri não fizeram mais que ratificar sua participação na sociedade”, disse. Macri prometeu dar essas respostas hoje na Justiça.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_