OCDE: Economia global crescerá 3% enquanto o Brasil terá queda de 4%
Outros dois gigantes emergentes, Índia e China, terão crescimdento de 6,5% e 7%
A economia mundial entrou numa dessas fases em que cada novo prognóstico é pior que o anterior. Nesta quinta-feira as más notícias partiram da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 34 países industrializados. Em sua nova análise, que abrange apenas as principais economias avançadas (o G-7) e os grandes emergentes (China, Índia e Brasil), a entidade reduz a 3% a expectativa de expansão econômica global neste ano, e para 3,3% o resultado de 2017, numa redução de 0,3 ponto percentual em relação ao seu prognóstico de novembro. Enquanto isso, a entidade projeto que o descalabro no Brasil se acentua, com um retrocesso econômico de 4% neste ano, superior ao de 2015 (-3,8%, segundo sua estimativa). Os números oficiais do tamanho da queda do PIB brasileiro só será conhecido em março quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o dado oficial sobre o desempenho da economia no ano passado.
A revisão das projeções da OCDE para o Brasil coincide com a divulgação nesta quinta dos dados de queda da economia brasileira de 4,08% em 2015, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil. O indicador é considerado uma prévia do PIB oficial. Os dados são conhecidos um dia depois de o Brasil ter sua nota de risco mais uma vez rebaixada pela agência Standard & Poors, que prevê uma recessão longa em função da necessidade de ajuste fiscal e a dificuldade no cenário político para aprovar projetos importantes que garantam a retomada da economia.
Para as outras duas grandes economias emergentes, o prognóstico é muito diferente. A OCDE mantém sua previsão para a China (6,5% neste ano, 6,2% no próximo), apesar de o gigante asiático estar sendo um dos focos da atual instabilidade nos mercados financeiros, que vivem o pior começo de ano em várias décadas. A Índia passa a ser a economia emergente mais dinâmica, com um crescimento superior a 7%.
A revisão da expectativa para o crescimento global, segundo a entidade, torna necessária “uma reposta coletiva mais contundente para fortalecer a demanda mundial”, observa o organismo multilateral. Tal “resposta coletiva” ficou nas mãos do G-20 (bloco de grandes economias industrializadas e emergentes) depois do estouro da crise financeira nos Estados Unidos, no final de 2008. Mas o ímpeto das primeiras cúpulas desse grupo se dissipou, e já faz alguns anos que, além da intervenção maciça dos bancos centrais, as medidas conjuntas praticamente se limitam à retórica. Os ministros de Economia e os presidentes de bancos centrais se reunirão no fim deste mês em Xangai (China, país que preside o G-20 neste ano) enfrentando o momento de maior pressão em meia década.
Porque este crescimento de 3% calculado pela OCDE seria um resultado semelhante ao de 2015, ou seja, o menor ritmo de crescimento global em cinco anos. Só em 2010 e 2011, os anos que se seguiram à Grande Recessão, houve uma expansão econômica mundial entre 4% e 5%, o ritmo que era habitual antes desta crise econômica. A recuperação é particularmente fraca nos países avançados. O clube dos países industrializados considera que a economia dos EUA, a mais pujante entre os países ocidentais, crescerá apenas 2% neste ano (meio ponto percentual a menos que a previsão da OCDE em novembro), e que a zona do euro não será capaz nem sequer de superar o magro crescimento deste ano, que foi de 1,5%, 0,1 ponto a mais do que o prognóstico para 2016. O Japão, por sua vez, continuará praticamente estagnado, pois a elevação dos impostos e a fragilidade do comércio anulam os estímulos monetários. (Colaborou Carla Jimenez)
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