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Morre um fazendeiro extremista do Oregon durante operação policial

Ammon Bundy, líder do grupo, e mais sete pessoas foram presas por ocupar uma reserva federal

Ammon Bundy (esq.) em Burns, Oregón, no último dia 6.Foto: reuters_live | Vídeo: AFP
Pablo Ximénez de Sandoval

O líder de um protesto de fazendeiros extremistas libertários no Oregon, Ammon Bundy, foi preso nesta terça-feira à tarde por policiais federais depois de desafiar o Governo dos Estados Unidos durante mais de 20 dias, contando com a proteção de centenas de voluntários armados. Durante a operação da prisão de Bundy e de mais sete pessoas, houve disparos, que deixaram um morto e um ferido, segundo a polícia.

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O grupo de fazendeiros ocupou no último dia 2 de janeiro a reserva florestal federal Malheur National Wildlife Refuge, perto da localidade de Burns, uma região isolada no interior do Oregon, na fronteira com Idaho e com Nevada. Eles se reuniram ali em defesa de um fazendeiro local, Dwight Hammond, que deveria cumprir uma pena de prisão por ter incendiado uma área federal há cerca de uma década. Os Bundy, com seu patriarca Clive Bundy à frente, já haviam protagonizado em Nevada um episódio semelhante de enfrentamento com o Governo federal pelo uso de uma área pública. Segundo o comunicado de imprensa do FBI, os presos são Ammon Edward Bundy, Ryan C. Bundy, Brian Cavalier, Shawna Cox e Ryan Waylen Payne, com idades entre 32 e 59 anos. Os cinco foram detidos em uma estrada quando se dirigiam para um encontro com moradores da região na cidade de John Day. Uma sexta pessoa, Joseph O’Shaughnessy, foi preso em outra localidade. O comunicado afirma que, durante a operação, “houve disparos”, mas não esclarece quem atirou.

Os fazendeiros são acusados de “conspiração para impedir, com uso da força, intimidações e ameaças, que agentes dos Estados Unidos executem suas tarefas oficiais”. Também foi preso o pseudojornalista ativista da direita radical Pete Santili, frequentador habitual desse tipo de manifestação. No Arizona, uma outra pessoa foi detida. Trata-se de John Eric Ritzheimer, o que eleva para oito o total de presos até a noite desta terça-feira.

As autoridades não divulgaram o nome da pessoa morta, mas se trata do fazendeiro que atuava como porta-voz dos ocupantes, Robert LaVoy Finicum, de 55 anos. O fato foi confirmado por sua filha Arianna ao jornal The Oregonian: “Não queria fazer mal a ninguém, mas acreditava na defesa da liberdade e sabia dos riscos que estava correndo”, disse ela.

Os Bundy e os cerca de seus 300 apoiadores armados se reuniram para defender os direitos do fazendeiro do Oregon ter uma interpretação particular da Constituição dos Estados Unidos, segundo a qual o Governo federal é uma instituição opressora que usurpa os direitos dos norte-americanos. Eles se autodenominam “defensores da Constituição” e sua crença libertária extremista é de que todo o poder deve ser devolvido às instituições locais; só reconhecem a autoridade do xerife do condado e falam de Washington como uma força inimiga.

O conflito pela terra entre o Governo e os criadores no Oeste dos Estados Unidos é tão antigo quanto a expansão do país para aquelas regiões na segunda metade do século XIX. Nos últimos anos, porém, multiplicou-se o número de milícias extremistas que utilizam armas na luta para que se retorne ao que consideram a essência da conquista do Oeste, quando a terra pertencia a quem a utilizava.

A possibilidade de que a ocupação de Malheur levaria a uma troca de tiros estava colocada desde o início e era o principal temor das autoridades. No dia seguinte ao começo da ocupação, Ammon Bundy afirmou que seu grupo não tinha intenção de agir com violência, a não ser que o Governo, ou seja, o FBI, agisse contra ele. Os agentes se mantiveram à distância e evitaram qualquer enfrentamento durante 24 dias. Os líderes do protesto tinham se declarado dispostos a permanecer ali pelo tempo que fosse necessário, até mesmo vários anos.

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