_
_
_
_

FMI prevê inflação recorde de 720% para Venezuela em 2016

América Latina enfrenta sua segunda contração anual consecutiva, o que não acontecia desde 1983

O aumento dos preços que os consumidores venezuelanos sofreram para pagar no ano passado vai ficar pequeno comparado ao futuro que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta para o país em 2016. O organismo internacional prevê que a inflação chegará a 720% este ano, contra os 275% vividos em 2015. Os desequilíbrios da economia da Venezuela são “consideráveis” e as distorções internas se veem potencializadas pelo despencamento do preço do petróleo.

População faz fila em um supermercado para comprar papel higiênico com preço regulado disponibilizado nesta sexta-feira pelo Governo venezuelano em Caracas.
População faz fila em um supermercado para comprar papel higiênico com preço regulado disponibilizado nesta sexta-feira pelo Governo venezuelano em Caracas.Fernando Llano (AP)

O FMI forneceu, na sexta-feira, mais detalhes sobre as previsões para a América Latina apresentadas na terça-feira. Segundo o diretor do FMI Alejandro Werner, o contexto é complexo porque a economia mundial continua “lutando” para se reconsolidar e isso, combinado com as tensões no mercado da energia e de divisas e somado à incerteza sobre a economia chinesa, fará com que o conjunto da região se contraia 0,3%. A Venezuela é o país que vai sofrer o maior ajuste, com uma diminuição do crescimento estimada em 8% para 2016.

Mais informações
EDITORIAL: O ‘crash’ do petróleo
Brasil tem a maior inflação oficial em 13 anos, encerrando 2015 em 10,67%
2016, mais um ano de petróleo barato
Argentina ameaça importar carne para baixar preços e controlar inflação

“Não vemos a possibilidade de uma correção no caminho”, lamentou Werner. O dado da inflação apresentado contrasta com os números fornecidos por Caracas, que, na semana passada, informou que os preços subiram 141,5% em 2015. “Os preços continuam aumentando de maneira descontrolada”, advertiu ele. A taxa de 275% de inflação já era considerada um recorde mundial pelo FMI. A falta de divisas, explicou, Werner, está redundando em uma escassez de bens intermediários e provocando um desabastecimento generalizado de bens essenciais, inclusive alimentos, o que “acarreta consequências trágicas”. A essa situação se soma a política do banco central venezuelano, que está reduzindo drasticamente o valor do bolívar.

O impacto do petróleo

O ciclo pernicioso que envolve a Venezuela se vê agravado pela queda dos preços do petróleo. A contração acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2015 e 2016 vai ser a terceira maior em escala mundial. Os analistas de Wall Street temem que o país não esteja em condições de gerar o efetivo suficiente para pagar suas dívidas e financiar suas importações.

A forte recessão em Venezuela, Brasil, Argentina e Equador, funciona como um lastro para toda a região, e deve chegar ao ponto de emendar dois anos de contração, uma situação que não se via desde a crise da dívida 1982 e 1983, que desencadeou o período conhecido como “década perdida”. E o diretor do FMI antecipa que o ajuste será “difícil, embora menos traumático”.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_