México inicia o processo de extradição de ‘El Chapo’ Guzmán
A Agência de Investigação Criminal já notificou legalmente que os EUA quer julgá-lo
O México deu início ao processo de extradição do narcotraficante Joaquín El Chapo Guzmán. Neste domingo, agentes da Agência de Investigação Criminal ligados à Interpol informaram o chefão do cartel de Sinaloa que os Estados Unidos reivindica sua presença. As autoridades entregaram ao criminoso, capturado na sexta-feira passada, e desde então preso na penitenciária de Altiplano, duas ordens de prisão com fins de extradição. Este é o início de um processo judicial que pode ser concluído com Guzmán Loera tomando um avião rumo ao norte para se colocar diante dos tribunais em um dos seis Estados em que é procurado.
Agora que El Chapo foi notificado, conta com três dias para se opor ao processo e terá 20 dias para provar por que não deve ser enviado aos Estados Unidos. Este último processo pode se estender. A Procuradoria Geral da República (PGR) informou em um comunicado que os juízes deverão aliviar esta parte probatória do processo. Quando emitirem uma opinião, a favor ou contra a extradição, esta será encaminhada à Secretaria de Relações Exteriores. O ministério deverá emitir os acordos para entregar o chefe do narcotráfico a seu vizinho do norte. Por mais que seja fácil falar, o processo pode demorar várias semanas ou até meses, conforme os tempos da justiça mexicana.
A Procuradoria também deixou claro que, ao longo deste processo, Guzmán Loera pode recorrer a um julgamento de recurso para evitar sua extradição. Esta foi a estratégia à qual o criminoso recorreu no passado. Seus advogados promoveram uma dezena de recursos entre 2014 e 2015 em tribunais federais. A procuradoria informou que alguns desses julgamentos foram desconsiderados, enquanto outros seis continuam em andamento.
No sábado, dia 9, um dia depois que o capo foi preso novamente na prisão de Almoloya, seu advogado, Juan Carlos Badillo, apresentou um novo recurso para evitar que seu cliente seja entregue a Washington. “Japão, Israel, França, Inglaterra não extraditam seus cidadãos. Por que o nosso México tem de vender seus cidadãos como se fossem um barril desvalorizado de petróleo?”, disse o advogado aos repórteres na frente da prisão da qual El Chapo fugiu por um túnel em julho passado.
"Por que nosso México tem de vender seus cidadãos como se fossem um barril desvalorizado de petróleo?"
A chuva de recursos pode inundar o processo de extradição, como aconteceu com outros capos do narcotráfico. Um exemplo é o de Edgar Valdés Villareal, um assassino sanguinário que começou trabalhando para El Chapo como chefe de matadores e que depois se tornou seu rival como operador de Alfredo Beltrán Levya, do cartel dos Beltrán Levya. La Barbie, como o apelidaram, foi preso em agosto de 2010. A justiça mexicana autorizou sua extradição para os Estados Unidos em 2011. Este foi o início de uma longa batalha nos tribunais. Valdés apresentou um recurso que foi revisado por juízes de primeira instância. O recurso foi rechaçado nos tribunais colegiados em fevereiro de 2014. Só em outubro de 2015 é que La Barbie foi entregue às autoridades norte-americanas. El Chapo Guzmán e seus advogados podem continuar neste mesmo caminho, apelando às exceções da Lei de Extradição: por exemplo, que poderia ser condenado à pena de morte. Guzmán é acusado em 21 processos, 13 deles por assassinato. A procuradoria dos Estados Unidos, no entanto, não solicitará esta pena para evitar que o processo fique comprometido.
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