Europa reforça segurança contra atentados após prisão de 6 suspeitos
Homens estariam planejando ataque na noite do dia 31 em lugares emblemáticos de Bruxelas. Paris e Roma também adotam medidas
Não demorou nem 24 horas para o prefeito de Bruxelas, Yvan Mayeur, tomar a decisão: os fogos de artifício de fim de ano e as comemorações para receber 2016 que estavam planejadas para o dia 31 de dezembro à noite na capital do país foram “pura e simplesmente” canceladas em função da ameaça terrorista que reina na cidade desde novembro passado.
Mayeur, assessorado pelos especialistas do Órgão de Coordenação para a Análise das Ameaças (OCAM, em sua sigla em francês) e pelo ministro do Interior, Jan Jambon, decidiram na quarta-feira à noite suspender todas as comemorações que aconteceriam no centro histórico da cidade. O prefeito tomou esta medida depois que se soube que a polícia tinha detido dois supostos terroristas que queriam realizar um atentado na noite de 31 de dezembro em “lugares emblemáticos”, segundo um comunicado da Promotoria. Toda a imprensa local tinha apontado os típicos e concorridíssimos mercados natalinos como alvo número um, assim como as delegacias de polícia (reforçadas com mais segurança desde segunda-feira) e os lugares mais turísticos, como a Grand Place.
Final de festa
- Fogos de artifício das 23h até a 01h na região de De Brouckère, no coração de Bruxelas.
- Também foram canceladas todas as atrações de lazer no Boulevard Anspach, onde tinha sido montado até esta quarta-feira um grande mercado de Natal com dezenas de estandes.
- Um DJ ia tocar até a 01h, mas o novo "plano B", de acordo com a imprensa local, estipula que a transmissão musical será feita dos estúdios da RTBF, a televisão pública francófona.
Depois dessas primeiras prisões, outras seis pessoas que teriam relação com os dois primeiros detidos, foram presas e estão sendo interrogadas.
As medidas para este Ano Novo são uma situação “excepcional” diante de uma ameaça real de atentado, segundo o primeiro-ministro, Charles Michel, ainda que não a única. Em 2007, os famosos fogos artifício que na época eram realizados em Mont des Arts (também no centro) foram suspensos devido ao alerta de atentado, segundo o jornal local La Libre Belgique. Os tradicionais fogos de artifício reúnem dezenas de milhares de pessoas (100.000 em 2014, segundo o jornal Le Soir) na zona comercial de De Brouckère, em pleno centro. Para o evento, eram esperadas 50.000 pessoas neste ano.
Diante desta situação, a mídia local divulgou mapas informativos sobre a comemoração dos fogos de artifício para receber o novo ano em outras cidades do país como Amberes, Namur ou Gant.
O anúncio é feito, além disso, de forma quase simultânea ao da última prisão de um suspeito de ter colaborado nos atentados de Paris que deixaram 130 mortos e mais de 300 feridos em 13 de novembro passado. A operação policial foi realizada na quarta-feira no distrito de Molenbeek, diretamente ligado aos atentados não só na capital francesa como em Thalys no verão passado, o do Museu Judaico de Bruxelas e o do semanário francês Charlie Hebdo, no início de 2015. O indivíduo, do qual só se sabe que é homem, será transferido no dia 31 para as dependências judiciais onde as autoridades competentes decidirão se estendem sua prisão —nesse caso, já seria o décimo preso na Bélgica por vínculos com os ataques de Paris— ou se o deixam em liberdade.
Bruxelas vive há um mês e meio sob um incômoda alerta antiterrorista que passou, há cinco dias, de “iminente” (quatro, o nível máximo estabelecido) a “provável” (três). Os moradores de Bruxelas convivem com essa incerteza nestas festas de fim de ano. “Não quero tomar uma decisão precipitada, pois pode não acontecer nada e a população pode ficar mais paranoica”, disse na terça-feira à noite o prefeito. Mas informações do OCAM acabaram levando o prefeito a tomar esta “difícil decisão” quase in extremis, segundo o governante.
Cancelamento em Paris
Em Paris, que desde 13 de novembro está em estado de exceção, também foi cancelado o tradicional espetáculo de fogos de artifício junto à Torre Eiffel. Neste caso, não só por motivos de segurança, mas também em respeito às vítimas e suas famílias. Em vez disso, será realizado um espetáculo de luzes no Arco do Triunfo.
Os responsáveis pela segurança mobilizarão na noite do dia 31 mais de 11.000 policiais, gendarmes [guarda militar], militares, bombeiros e equipes de emergência, maior do que os 9.000 recrutados na noite de 31 de dezembro passado. O tráfego ficará restrito ao centro da cidade e toda a venda de material pirotécnico foi proibida em Paris e arredores.
O temor a novos ataques e o ânimo pouco festivo resultante dos últimos ataques provocou também uma queda das reservas para esta noite nos grandes restaurantes da capital de cerca de 50% em relação ao ano anterior, segundo o sindicato de hotelaria e restauração Synhorcat.
Roma também adotou medidas de segurança extra para a comemoração da noite de Ano Novo. O principal ato festivo será o concerto no Circo Máximo, realizado todos os anos, mas que neste contará com mais restrições. Haverá mais de 1.500 agentes dedicados a garantir a segurança nesta noite, 800 policiais e 750 guardas urbanos, informa María Salas Oraá.
Para ter acesso à região do palco do concerto, aberta a partir das oito da noite e delimitada por uma barreira, este ano será necessário passar por um detector de metais. Não será permitido entrar com garrafas de vidro ou qualquer tipo de artigo pirotécnico. Também não haverá veículos circulando nas imediações, exceto os dos residentes e a parada de Metrô do Circo Máximo fechará às 21h.
Ao contrário de Milão, onde os fogos foram proibidos este ano, em Roma 2016 começará com um espetáculo de fogos de artifício.
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