Um tribunal russo ordena a prisão do multimilionário Khodorkovsky por dois assassinatos
A ordem acusa o magnata de encarregar dois empregados de matar um prefeito
O tribunal do distrito moscovita de Basmanni baixou uma ordem de prisão em ausência contra o multimilionário Mikhail Khodorkovsky, depois que o Comitê de Investigações da Rússia pediu essa medida cautelar. Khodorkovsky foi acusado de ter dado a ordem de matar em 1998 o então prefeito de Nefteyugansk Vladimir Petukov e o empresário Viacheslav Rybkin. O oligarca, conhecido por sua oposição ao Krêmlin, considera que as acusações contra ele são uma nova “farsa”.
A justiça russa iniciou ao mesmo tempo os procedimentos para a busca e apreensão internacional de Khodorkovsky, mas apenas nos países da Comunidade de Estados Independentes (organização formada por ex-integrantes da extinta União Soviética) e naqueles com os quais a Rússia tem acordos bilaterais de extradição. No momento, segundo uma fonte anônima citada pela agência russa Interfax, próxima ao Governo, a Interpol não participa dessa busca. Khodorkovsky, que mora na Suíça, não pretende limitar suas viagens em consequência da ordem judicial de Moscou, afirmou seu porta-voz, Kulle Pispanen.
Petukov foi assassinado por um matador contratado em 26 de julho de 1998 e o guarda-costas Viacheslav Kokoshkin ficou gravemente ferido. Rybkin sobreviveu a dois atentados perpetrados contra ele. Como organizadores do crime foram acusados Alexei Pichugin, ex-chefe do departamento de segurança econômica da Yukos — a companhia petroleira que pertencia ao magnata na época — e Leonid Nevzlin, que tinha sido seu vice-presidente.
Na terça-feira, dia 22 de dezembro, a polícia tinha feito uma busca nos escritórios da Rússia Aberta, ONG fundada pelo milionário de oposição, que passou 10 anos na prisão condenado oficialmente por crimes econômicos, ainda que organizações de direitos humanos o considerassem um preso político. O presidente Vladimir Putin o indultou no fim de 2013 e Khodorkovsky foi primeiro para a Alemanha e então obteve autorização de residência na Suíça. Ele se negava a voltar à Rússia porque temia ser julgado pela terceira vez: Khodorkovsky, preso em 2003, foi condenado no processo que se encerrou dois anos depois a nove anos de prisão; em um segundo julgamento, recebeu a pena de 14 anos de prisão em 2010, que finalmente ficaram em 10.
O milionário era o principal acionista da petroleira Yukos, que na época foi a mais importante da Rússia, e ele era o homem mais rico do país. Os problemas para Khodorkovsky começaram com a chegada de Putin ao poder e com sua recusa a se manter afastado da política. Ter se tornado o principal financiador da oposição e adversário do novo presidente custou-lhe a liberdade; a Yukos deixou de existir e seus principais ativos passaram às mãos da atual Rosneft.
Khodorkovsky, depois de tomar conhecimento da ordem judicial de sua prisão, comentou que seus oponentes “ficaram loucos”, acrescentando que a notícia não foi uma surpresa, sobretudo depois da busca realizada no dia anterior na Rússia Aberta, a organização civil fundada pelo milionário. Depois que o indultado deixou o país, Khodorkovsky continuou a criticar o Krêmlin e os antigos donos da Yukos, exigindo compensações econômicas em tribunais internacionais.
Como dificilmente os russos conseguirão extraditar o multimilionário, é provável que ele seja julgado mesmo ausente, como ocorreu antes com seu sócio Leonid Nevzlin, acusado dos mesmos delitos hoje imputados a Khodorkovsky (ordenar o assassinato de Vladimir Petukov). Contra Nevzlin foi dada ordem de prisão e de busca internacional e apreensão em 2004; diante da negativa de Israel de extraditá-lo, foi julgado à revelia, declarado culpado em 2008 e condenado a prisão perpétua.
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