Senador Delcídio irritou Supremo ao citar nomes de ministros em gravação
Senador disse que sabia quais ministros liberariam presos da Lava Jato, segundo PGR
A situação de Delcídio do Amaral é considerada "gravíssima", avalia a cúpula do Partido dos Trabalhadores no Congresso. Para os parlamentares, a situação do senador se complicou por ele ter citado, em conversa gravada, nomes de ministros do Supremo Tribunal Federal que dariam decisão favorável à liberação de presos envolvidos no escândalo de corrupção da Petrobras. O grande beneficiado seria o ex-diretor da empresa Nestor Cerveró, que detalha em sua delação premiada o envolvimento de Amaral no esquema. A liberação de Cerveró permitiria sua fuga.
Amaral, que é o líder do Governo no Senado e foi escolhido pela presidenta Dilma Rousseff, foi preso na manhã dessa quarta-feira após autorização do ministro Teori Zavascki. A decisão dele foi baseada em uma gravação obtida pelo Ministério Público em que Amaral expunha um plano de fuga para o ex-diretor. O objetivo da reunião era convencer Cerveró, que está preso por ligação com os desvios da Petrobras, a desistir da delação premiada.
Os detalhes da gravação chegaram ao Senado. Segundo esses relatos, ela teria 1h30 e traria a explicação detalhada de como se daria a fuga. Nela, Amaral afirma que após a decisão favorável do STF pela soltura de Cerveró, o ex-diretor da Petrobras partiria de avião para o Paraguai e, depois, para a Espanha, onde ele conseguiria residência permanente, já que tem cidadania espanhola. A oferta foi feita em uma reunião com o filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, que gravou a conversa e a entregou ao Ministério Público.
Na gravação, Amaral afirma ainda que o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, também preso nesta quarta-feira, seria responsável por financiar a fuga, conforme a sentença da Procuradoria para determinar sua prisão. Ele ofereceu 4 milhões de reais para facilitar a ida de Cerveró para a Espanha, afirmam fontes que tiveram acesso ao conteúdo da gravação. O banqueiro ainda bancaria Cerveró por um tempo no país, com uma mesada de 50.000 reais mensais.
O envolvimento dos nomes de ministros no suposto esquema de fuga teria irritado o STF. Antes de autorizar a prisão de Amaral, Zavascki reuniu informalmente os ministros, que decidiu se reunir extraordinariamente nesta quarta, algo pouco usual. A Constituição Federal só permite que um parlamentar seja preso em caso de flagrante de crime inafiançável. Como ele foi flagrado em gravação se propondo a auxiliar um acusado de crime inafiançável a fugir, ele acabou incorrendo nos mesmos crimes. determinadas vertentes. “A intervenção relatada pelo Senador Delcídio Amaral juntos a ministros do STF específicos e identificados por seus nomes, ainda que não se tenha mostrado persuasiva, constitui conduta obstrutiva de altíssima gravidade, tanto mais na medida em que se dá promessa de interferência política em decisões judiciais”, diz a sentença.
Os senadores petistas também realizam uma reunião nesta manhã, ao lado de parlamentares da base aliada do Governo, como a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), Telmário Mota e Acir Gurgacz (ambos do PDT). Eles devem decidir como vão se pronunciar oficialmente sobre o caso e quem deverá assumir a função de liderança. O presidente do PT, Rui Falcão, também está em Brasília.
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