Temer defende PMDB com Dilma até 2018, mas não obtém consenso
Evento da sigla teve ato por impeachment e promessa de candidatura própria presidencial
Mesmo sem ser consenso no PMDB, o apoio do partido ao Governo Dilma Rousseff (PT) será mantido até 2018. Ao menos é o que disse o presidente da legenda e vice-presidente da República, Michel Temer, nesta terça-feira durante o congresso dos peemedebistas em Brasília. Enquanto discursava, o vice-presidente ouviu cerca de 20 representantes de grupos anti-Dilma, que não são filiados ao PMDB e se infiltraram no evento, gritarem a palavra impeachment e a seguinte frase: “Brasil, pra frente, Temer presidente”. Alguns erguiam cartazes com os dizeres: “Temer, vista a faixa já”.
Ao ter sua fala interrompida, Temer disse de maneira constrangida: “Por enquanto, não. Obrigado. Vamos esperar 2018. Vamos montar um candidato, um grande nome do PMDB. Eu estou encerrando a minha carreira”. Quando questionado por jornalistas sobre a discussão de desembarque do Governo, o peemedebista disse que era algo natural, mas que o seu partido não deixaria o barco petista. “Nós temos de colaborar com o país. Mesmo as pessoas que querem a saída do governo federal querem colaborar com o país”, afirmou.
Em seus quase 20 minutos de discurso, Temer citou o Governo Rousseff apenas uma vez, sem falar o nome da presidenta. Disse também que para o Brasil sair da crise era preciso haver mudanças estruturais, não cosméticas. Pediu, por exemplo, alterações na política econômica (com a criação do orçamento zero) e nas regras de aposentadoria e sugeriu que, sem elas, a previdência brasileira quebra. Voltou a citar ainda a necessidade de um nome para unificar o país. “Não é de hoje que tenho falado em reunificar o pensamento nacional e pacificar a nação. Não é da índole do brasileiro a disseminação do ódio”.
Um partido dividido
O multifacetado e eterno governista PMDB tem poucos consensos entre seus membros e muitas discordâncias. O principal consenso é o expressado pelo vice-presidente sobre as próximas eleições presidenciais. O problema é que o único nome que agregaria apoios, neste momento, seria o do próprio Temer, mas ele sinalizou que até 2018 estará aposentado. Já o ponto que resulta na maioria dos debates é justamente o apoio à gestão Rousseff.
Os discursos sobre o apoio ou o rompimento com o Governo federal se alternavam durante o encontro desta terça-feira. De qualquer forma, as manifestações mais intensas da plateia, formada por mais de 300 dirigentes partidários de todo o país, ocorriam quando alguém criticava o PT ou a presidenta. “Temos de repensar essa relação com o PT. No meu Estado, no Acre, os petistas nos chamam de ratos, de prostitutas. Dizem que fazemos tudo por cargos. É isso o que queremos para nós?”, questionou a deputada estadual Eliane Sinhasique.
Atualmente o PMDB tem sete ministérios e centenas de cargos comissionados em órgãos federais. Está no Governo Rousseff há cinco anos, depois de ter participado dos oito anos Lula da Silva. Ou seja, está umbilicalmente ligado ao PT. No encontro houve quem pedisse que o partido fizesse um mea-culpa pelas crises política e econômica enfrentadas pelo Brasil.
Por outro lado, entre os que defendiam a continuidade da sustentação do Governo petista estava o senador pelo Paraná, Roberto Requião. Sua principal crítica é o documento intitulado “Uma ponte para o futuro” que tem servido como base para o PMDB elaborar o seu programa de governo. “Essas propostas são tão neoliberais que parece só um aceno ao mercado. Não tem povo. Não se discutem as conquistas sociais. É uma proposta tão vergonhosa que nem o Joaquim Levy, nem o PSDB ou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teriam coragem de assiná-lo”, ponderou.
Em princípio, o encontro desta terça-feira serviria para dirimir a questão do apoio ao Governo Rousseff. Porém, os dirigentes partidários decidiram protelar essa decisão para março do ano que vem, quando está prevista a convenção nacional da legenda. A ideia é esperar os desdobramentos da operação Lava Jato, do andamento do pedido de impeachment de Rousseff e da conclusão do julgamento do pedido de cassação do mandato do presidente da Câmara, o deputado carioca Eduardo Cunha.
Até março, as duas propostas que começaram a ser discutidas nesta terça-feira deverão ser concluídas. Caberá ao senador Romero Jucá e ao deputado Baleia Rossi concluírem um relatório com todas as sugestões apresentadas pelos dirigentes partidários. Até lá, muita água ainda vai passar por baixo da sonhada ponte peemedebista.
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