_
_
_
_

Mauricio Macri sinaliza guinada geopolítica na América do Sul

Candidato de oposição à presidência argentina quer se aproximar dos EUA e UE

Carlos E. Cué
O candidato opositor Mauricio Macri.
O candidato opositor Mauricio Macri.EITAN ABRAMOVICH

Dez anos depois da Cúpula das Américas de 2005, em Mar del Plata, que representou uma ruptura com os EUA de governos esquerdistas latino-americanos – especialmente Brasil, Argentina e Venezuela –, as eleições argentinas apontam para uma guinada completa no equilíbrio geopolítico regional. O liberal Mauricio Macri, líder da oposição e favorito para o segundo turno de 22 de novembro, sinaliza a intenção de alterar em 180 graus a política externa adotada na última década pelos presidentes Néstor e Cristina Kirchner. A principal frente seria a Venezuela, onde Macri exige a libertação do político oposicionista Leopoldo López.

Mais informações
Scioli lança campanha dura na Argentina inspirado na de Dilma
Peronismo e kirchnerismo se unem para atacar a imagem de Macri
Reviravolta política na Argentina entusiasma investidores
MARIO VARGAS LLOSA | 'Uma esperança argentina'

A política externa argentina, e com ela o equilíbrio de poder sul-americano, vai mudar de qualquer jeito, porque o candidato governista Daniel Scioli mantém melhores relações com os EUA do que a atual presidenta, Cristina Fernández de Kirchner, e também prometeu se aproximar da União Europeia se for eleito. Mas a guinada com Macri seria mais radical.

Enquanto Scioli recebeu o apoio de líderes da esquerda sul-americana, como Lula, Dilma Rousseff, Evo Morales e Rafael Correa, e evitou qualquer crítica ao venezuelano Nicolás Maduro, Macri segue uma linha bem diferente. “Teremos uma posição sensata com os EUA e também com a Europa. Voltaremos às posições tradicionais da Argentina”, promete Fulvio Pompeo, porta-voz de Macri para questões de política externa.

Teremos uma posição sensata com os EUA e também com a Europa.”

A primeira amostra dessa virada caso Macri seja eleito deverá acontecer na relação de Buenos Aires com Caracas, especialmente no que diz respeito à prisão de López, um assunto que divide a região, mas que ainda não motivou críticas formais de nenhum Governo latino-americano.

Macri prometeu solicitar uma reunião extraordinária do Mercosul para pedir a aplicação da cláusula democrática contra a Venezuela, caso o Governo Maduro não liberte López, acusado de incitar à violência durante protestos no ano passado. Nesse ponto, Macri tem o apoio do peronista Sergio Massa, terceiro colocado no primeiro turno de outubro, com 21% dos votos. “A Argentina precisa se voltar para o mundo. Tenho um vínculo afetivo com Leopoldo López e Lilian Tintori [esposa de López] e vou lutar por eles e para que a Argentina não se transforme em outra Venezuela”, disse Massa nesta semana. “Temos uma posição muito clara: achamos que a Venezuela neste momento não é uma democracia como as demais, e Maduro está dizendo que os resultados eleitorais não importam. Vamos levar o caso de López para que seja aplicada a cláusula democrática, apesar de não desejarmos ver a Venezuela fora do Mercosul”, afirmou Pompeo.

Depois das eleições argentinas, o radar do equilíbrio regional aponta para o pleito venezuelano de 6 de dezembro. Muitas chancelarias estão muitos pendentes do que acontecerá na Argentina, em especial a do Brasil, gigante sul-americano e principal sócio comercial de Buenos Aires. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou quase uma semana fazendo campanha para Scioli em Buenos Aires. O macrismo teme que o Governo do Brasil, com seus marqueteiros especializados em publicidade negativa, esteja trabalhando para Scioli. “Esperemos que seja apenas um rumor e que o Governo brasileiro não esteja na campanha argentina. Temos o Mercosul como prioridade e o Brasil como sócio estratégico”, conclui Pompeo. A batalha argentina é, portanto, uma luta regional.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_