Bogotá se consolida como a grande galeria de arte da América Latina
A feira ArtBo ganha reconhecimento internacional ao fazer-se mais seletiva
De esguelha ou diretamente, e por motivos que vão desde política até economia, passando por esportes, todos os olhares da América Latina estão voltados para a Colômbia. No âmbito cultural, o país andino se consolida como espaço fixo para os artistas nesse abismo que separa o Brasil e a Argentina do México, até agora os países mais representativos da região.
Com São Paulo em baixa e o contínuo sim, só que não do D.F., e apesar da pujança de Buenos Aires, Bogotá conseguiu consolidar sua feira, ArtBo, aberta até o domingo, 4 de outubro, como a grande galeria de arte contemporânea da América Latina.
Daquela feira que surgiu em 2005 como um projeto da Câmara de Comércio de Bogotá para posicionar a capital colombiana como destino cultural e de negócios relacionados com a arte contemporânea ficou apenas o nome.
Na época, em uma Colômbia lastrada e coberta de sangue há décadas, nasceu uma feira modesta, com apenas 29 galerias, a maioria delas locais e algumas de sete países convidados. Onze anos depois, o país andino vislumbra o final do conflito armado mais longo da América Latina e comemora os benefícios que a paz deve trazer.
A mudança sociocultural e econômica da última década propiciou uma virada que se vê refletida também na arte. No imenso recinto de Corferias foram instalados estandes de 84 galerias procedentes de 33 cidades de todo o mundo. Das 84, 69 fazem parte da seção principal e 19 são estreantes.
Bogotá dá, pela primeira vez, as boas-vindas a negócios de arte da Guatemala e do Uruguai, que completam a seleção das 45 galerias latino-americanas, entre as quais se destacam 15 colombianas.
Depois, Argentina, Brasil, Espanha, Estados Unidos e Peru são os países com maior representatividade na feira que espera receber um total de 50.000 visitantes até domingo. Mas a opulência dos dados não corresponde, necessariamente, ao que o público encontra no evento.
A ArtBo ganhou o reconhecimento internacional nos últimos anos porque decidiu apostar na seletividade. “Tratamos de dar à feira um ar mais de boutique, queremos crescer em propostas mais que em tamanho”, explica a diretora do evento, María Paz Gaviria, que também ressaltou a importância da ArtBo.
“Nasceu como um projeto de cidade, com atividades paralelas; se poderia dizer que esse é o mês da arte em Bogotá, inclusive quando nos convidam para ir a outros países dominamos as cidades”, brinca Gaviria em referência à experiência na Feira Internacional de Arte Contemporânea (Arco) 2015, na Espanha, durante a qual a Colômbia, como país convidado, inundou Madri com exposições paralelas em diferentes galerias da cidade.
Além da seção principal, a ArtBo confere especial ênfase ao desenvolvimento de conteúdos adicionais, que foram responsáveis por posicionar a feira como referência na região. Na seção de Projetos, duas das curadoras mais proeminentes do cenário latino-americano, Manuela Moscoso e Catalina Lozano, se encarregaram de selecionar 15 projetos de artistas representados comercialmente por uma galeria. Entre as obras estão pinturas que se transformam em esculturas, vídeos que contestam a visão europeia e norte-americana sobre a América Latina e objetos que desafiam os limites do espaço.
Outro dos grandes pilares da feira é a Artecámara, seção dedicada a divulgar e dar visibilidade ao trabalho de artistas com menos de 40 anos, com 33 obras de jovens promessas. Como complemento, fora do recinto se inaugurou no sábado a terceira edição da Feria del Millón, que aposta no trabalho de artistas emergentes com obras cujos valores não superam um milhão de pesos colombianos (aproximadamente 1.300 reais). Outra gota da chuva de arte que inunda o perpétuo outono bogotano.
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