Crise migratória se intensifica e se espalha pela Europa
Cerca de 23.000 pessoas chegam à Grécia em uma semana, 50% a mais do que na anterior
A onda de migração para a Europa se intensifica cada vez mais e deixa as autoridades sem ação. Somente na última semana, mais de 23.000 imigrantes chegaram à costa da Grécia, um dos países que mais recebe refugiados. Trata-se de um aumento de 50% em relação à semana anterior, de acordo com uma estimativa da Agência Europeia de Vigilância das Fronteiras (Frontex). Na Hungria, centenas de pessoas continuam protestando na estação ferroviária de Budapeste, exigindo acesso aos trens para a Alemanha. As autoridades alemãs informaram que em agosto já registraram 104.460 pedidos de asilo, um número recorde que deve ser somado aos 300.000 pedidos recebidos até agora este ano. Na Sérvia, o governo informa que há 8.000 pessoas no seu território que querem entrar na UE. O trânsito de trens entre Paris e Londres sofreu sérios problemas durante horas por causa da entrada de migrantes nas vias.
Na Grécia
Dois barcos vindos da ilha grega de Lesbos levaram, na terça-feira, mais de 4.200 pessoas até o porto de Pireu, em Atenas. Os refugiados, a grande maioria sírios, se dirigiram à rodoviária da capital grega, para chegar nesta quarta-feira à fronteira com a Macedônia, no norte do país.
Mais de uma centena deles preferiu ficar na cidade, pois o centro de refugiados, inaugurado há dez dias e com capacidade para alojar 720 pessoas, já estava cheio. Outros, que tinham mais dinheiro, procuraram alojamento em hotéis de baixo custo no centro de Atenas, de acordo com a agência Efe. Até agora este ano mais de 180.000 refugiados chegaram à Grécia, de acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). A agência estima que a cada dia chegam, da costa turca às ilhas gregas do mar Egeu, 1.000 refugiados.
Na quarta-feira, pelo menos doze refugiados sírios – cinco deles menores de idade – perderam a vida em dois incidentes separados ao tentar atravessar a estreita faixa de água que separa a península de Bodrum, na Turquia, da ilha grega de Kos, informaram os meios de comunicação locais citando fontes das forças de segurança. Os corpos de duas crianças apareceram no início da manhã em uma praia turca, o que levou a Guarda Costeira a mobilizar várias equipes de resgate, que conseguiram resgatar seis pessoas das duas embarcações acidentadas. Somente durante a última noite, a guarda costeira turca deteve 100 pessoas tentando cruzar para as ilhas gregas, principalmente em botes infláveis, um número que excede os 2.000 nos últimos sete dias.
O governo interino da Grécia, dirigido por Vassiliki Thanou, falou nesta quarta da crise dos refugiados e, segundo anunciou o vice-ministro de Política Migratória, Ioannis Mouzalas, várias iniciativas foram decididas para melhorar as condições de vida dos refugiados e “aliviar” os moradores das ilhas que recebem a maior parte deste novo fluxo migratório, mas não especificou que tipo de ação seriam. Mouzalas disse que um Executivo interino, como o que dirige o país até as eleições do próximo 20 de setembro, não pode resolver a crise migratória que a Grécia está enfrentando por isso pediu a intervenção imediata da União Europeia e a “internacionalização” do problema para que seja tratado pela ONU. Segundo a imprensa local, na quinta-feira chegarão à capital grega, o Vice-Presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, e o Comissário de Migração, Assuntos de Interior e de Cidadania, Dimitris Avramopoulos, que, depois, visitarão a ilha de Kos.
Na Sérvia
Na Sérvia há atualmente 7.800 refugiados e a cada dia entram mais 3.000, como informou Anne-Birgitte Krum-Hansen, chefa do departamento jurídico da ACNUR Sérvia. A especialista estima que o “fluxo provavelmente continuará, ou pode até aumentar”. Se em maio, o fluxo diário na Sérvia foi de 200 pessoas por dia, em junho passou para 1.000 refugiados e para 2.000 há um mês, afirmou Krum-Hansen.
Na Hungria
Cerca de uma centena de policiais antidistúrbios bloquearam, pelo segundo dia consecutivo, a entrada da estação Keleti de Budapeste. Os refugiados estão concentrados na frente do cordão policial e repetem o nome da chanceler alemã, Angela Merkel, ou seu país de origem, “Síria, Síria”. Os arredores da estação se transformaram em um campo de refugiados improvisado, com pouco apoio das autoridades, e no qual famílias inteiras dormem no chão, apenas com papelão e cobertores, enquanto que os mais afortunados têm barracas.
Na Áustria
Na segunda-feira à noite a polícia austríaca interceptou um terceiro caminhão com 24 refugiados, a maioria jovens do Afeganistão com idades entre 16 e 17 anos, que corriam risco de morrer asfixiados, segundo informações das autoridades. Na semana passada, um caminhão com dezenas de refugiados mortos foi encontrado, expondo o tamanho da tragédia também no país. Com a chegada de tantos refugiados, o Governo da Áustria anunciou que vai aumentar para 380 milhões de euros (1,5 bilhão de reais) o orçamento para alojar, alimentar e garantir a saúde de quem pede asilo (quase o dobro do orçamento do ano passado, que chegou aos 200 milhões de euros). Esses suprimentos básicos são oferecidos aos refugiados durante o processo de asilo e, caso esse status seja concedido, por mais quatro meses.
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