Merkel faz apelo contra xenofobia em meio a gritos de “traidora”
Chanceler visita um centro de refugiados alvo de violência extremista
A chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, visitou esta manhã um centro de refugiados de Heidenau, no Estado da Saxônia, em meio a uma violenta onda de ataques a esses locais por grupos neonazistas e a uma crise migratória na Europa que tem a Alemanha como principal destino. Um grupo de cerca de 150 manifestantes contrários à concessão de asilo a imigrantes realizou um protesto na chegada de Merkel ao centro. Os participantes do ato chamaram a chanceler de “traidora” e se apresentaram como sendo “a manada”, em referência ao termo usado por um integrante do Governo para qualificar os autores dos ataques a esses albergues de refugiados.
“Não deve haver nenhuma tolerância para com aqueles que põem em questão a dignidade dos outros. Não deve haver nenhuma tolerância para com aqueles que não se dispõem a ajudar em um momento em que a ajuda humanitária e legal se impõe”, afirmou Merkel após a visita ao centro. “Quanto maior for a quantidade de pessoas que deixem isso claro (...), mais fortes nós seremos”.
Foi a primeira visita de Merkel a um centro de acolhimento de refugiados na Alemanha em dez anos. A decisão de fazê-la só veio depois de ela ter recebido uma enxurrada de críticas da oposição, de organizações não governamentais que trabalham com refugiados e de dirigentes do partido social-democrata, seu principal aliado no Governo, formado por uma ampla coalizão. Ninguém soube explicar, ainda, os motivos que levaram Merkel a se manter distante de um problema que vem causando preocupação em todo o país e que tem conhecido até o momento um balanço desastroso.
Somente nos primeiros seis meses deste ano, a polícia registrou 176 ataques a centros de refugiados. Merkel tampouco havia demonstrado interesse em visitar o centro de Heidenau, que viveu duas noites de terror no último fim de semana, quando um bando de neonazistas, em sua maioria embriagados, tentou impedir a chegada de novos refugiados, entrando em choque com a polícia.
As visitas de políticos aos centros de refugiados sempre foram cercadas de perigo, ainda mais para os partidos de centro-direita, devido à maioria silenciosa do país, que é contrária à vinda de pessoas que pedem asilo ao país.
Sigmar Gabriel, presidente do SPD e vice-chanceler do Governo, havia visitado na última segunda-feira o centro de Heidenau, onde chamou os manifestantes de “bando de fanáticos” que deveriam ser presos. Os efeitos foram imediatos: as pessoas que trabalham na sede principal do partido em Berlim receberam centenas de telefonemas ameaçadores, inclusive um com uma ameaça de ataque a bomba.
Durante sua visita ao centro de Heidenau, Merkel conversou com refugiados e voluntários do local, em um encontro a portas fechadas. A chanceler foi acompanhada, na visita, pelo prefeito da cidade, Jürgen Opitz, e pelo chefe do Governo regional da Saxônia, Stanislaw Tillich, ambos militantes da CDU.
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