FARC manterão cessar-fogo unilateral
Colômbia vive mês com menos ações violentas relacionadas ao conflito desde 1974
O arrefecimento do conflito pactuado em julho passado entre o Governo colombiano e as FARC começa a render frutos. O país viveu entre 20 de julho e esta quinta-feira o mês com menos ações violentas relacionadas ao conflito armado desde 1974, segundo dados do Centro de Recursos para a Análise de Conflitos (CERAC). As FARC declararam na quinta-feira que manterão o cessar-fogo unilateral, mas denunciam dois ataques do Exército, apesar da promessa feita pelo presidente, Juan Manuel Santos, de suspender os bombardeios contra acampamentos da guerrilha.
Em um comunicado lido em Havana, onde há quase três anos se desenrolam as negociações do processo de paz entre a guerrilha e o Governo, Carlos Antonio Lozada, membro do secretariado das FARC, denunciou duas operações em que morreram três guerrilheiros. Apesar disso, assegurou que o cessar-fogo unilateral será mantido: “Exigimos uma atitude do Governo para que se possa consolidar a desescalada do conflito, até chegar ao cessar-fogo bilateral e definitivo que toda a Colômbia exige”, concluiu Lozada.
A denúncia das FARC ainda não foi verificada pelas autoridades, conforme indica o CERAC. O centro de estudos colombiano não registra ações ofensivas contra a guerrilha, “o que indica o menor nível de atividade ofensiva na história do conflito e o pleno cumprimento dos compromissos de desescalada”.
Segundo o relatório publicado na quinta-feira, a guerrilha teria violado o cessar-fogo, embora em menos ocasiões que em tréguas anteriores. Concretamente, só são atribuídas à guerrilha duas ações que deixaram vítimas: dois civis feridos no ataque a uma delegacia de polícia em Caloto, no departamento de Cauca, na terça-feira passada. O CERAC aponta uma redução de 81% de ações ofensivas da guerrilha e de 50% nos combates com participação das FARC.
Em 12 de julho, o Governo e a guerrilha concordaram, a pedido dos países garantidores do processo de paz, Noruega e Cuba, em agilizar as negociações de paz em Havana e reduzir a intensidade do conflito armado a partir de 20 de julho, data definida previamente pelas FARC para o início da trégua de um mês. Depois do acordo, ambas as partes estipularam o prazo de quatro meses para avaliar a desescalada – e o presidente Santos para decidir se leva adiante processo – , mas a guerrilha não tinha esclarecido se continuaria o cessar-fogo unilateral depois de 20 de agosto. A declaração lida por Carlos Antonio Lozada não especifica até quando as FARC manterão a trégua.
As violações do cessar-fogo foram registradas nos departamentos onde historicamente a guerrilha exerceu presença mais violenta: Cauca e Meta. Esses dois, junto a Antioquia e Putumayo, concentraram o maior número de ataques durante as outras cinco tréguas da guerrilha nos quase três anos de processo de paz.
Quanto à atividade da força pública, o CERAC destaca que seus ataques se concentraram em outros grupos guerrilheiros, especialmente o EPL, cujo líder, conhecido como Megateo, tem sido procurado em vão desde o domingo. O outro foco de atenção para os militares é o clã Úsuga. Desde março, mais de 1.200 homens participam da Operação Agamenón para encontrar o chefe do narcotráfico Darío Antonio Úsuga, também conhecido como Otoniel.
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