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A Crise na Grécia

Tsipras retira do Governo da Grécia os ministros rebeldes

Demite o titular da pasta da Energia, Panagiotis Lafazanis, um dos mais críticos ao Syriza

María Antonia Sánchez-Vallejo
Alexis Tsipras, nesta sexta-feira em Atenas.
Alexis Tsipras, nesta sexta-feira em Atenas.K.T. (Bloomberg)

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, reorganizou nesta sexta-feira seu Governo e destituiu os ministros que, nesta quarta-feira, foram contrários às medidas de urgência exigidas pela União Europeia para negociar o terceiro resgate ao país. O acordo, aprovado graças aos votos de parte da oposição, recebeu 32 votos contrários de deputados de Tsipras, além de seis abstenções e uma ausência.

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Em um anúncio que foi adiado por várias horas devido à ocorrência de vários incêndios —três deles de dimensão considerável, entre cerca de 50 focos no total no país—, o gabinete de Tsipras informou no fim da tarde, por meio de um comunicado, os nomes dos ministros que representam uma certa continuidade em seu Governo. A mudança de maior peso ocorreu no ministério de Energia, com a saída fulminante de seu titular, um dos críticos mais ferozes contra a virada do chefe do Governo grego, ao aceitar as medidas duras da União Europeia após o "não" no referendo contra as medidas de austeridade.

Para o núcleo duro do Gabinete, formado pelos quatro ministério econômicos —Finanças, Economia, Reconstrução Produtiva e Energia e Trabalho—, Tsipras optou por não fazer mudanças nos dois primeiros. Continuam no comando Efklidis Tsakalotos, que substituiu Yanis Varoufakis há duas semanas, e Yorgos Stathakis; nos outros dois, decidiu reutilizar dois homens de sua confiança: Panos Skurletis, antigo porta-voz do Syriza e até ontem ministro do Trabalho, para a pasta de Reconstrução Produtiva e Energia, que era ocupada por Panayotis Lafazanis —líder da radical Plataforma de Esquerda— que votou majoritariamente contra o acordo no Parlamento. Skurletis será substituído por Yorgos Katrugalos, até agora responsável pela Administração Pública (e, portanto, pela recontratação de cerca de 4.000 trabalhadores públicos que estavam na reserva, como as faxineiras do Ministério da Economia, e que deverá ser revisada a pedido da antiga troika).

Com o país inteiro de olho nos incêndios —alguns dos quais tinham indícios de terem sido provocados intencionalmente, segundo as primeiras investigações— o anúncio da reforma ministerial passou sem grande repercussão, em parte também porque sua magnitude foi menor do que a esperada. As trocas incluem a incorporação de meia dúzia de caras novas –incluindo um do ANEL, sócio de governo do Syriza, em postos secundários— vice-ministros ou secretários de Estado— e de uma mulher, Olga Yerovasili, como nova porta-voz do Governo, no lugar de Gavriil Sakelaridis, que, a partir de agora, será um dos três porta-vozes parlamentares de Syriza.

É no Parlamento, precisamente, onde Tsipras mais quer amarrar os fios soltos, depois do golpe dado em sua política e na sua autoridade pelos deputados rebeldes (e pela maioria absoluta do comitê central do Syriza), e quando a divisão atinge não apenas o comando, mas também as bases, as quais se veem no meio dessa dicotomia “resgate-antirresgate” que existe na metade do caminho entre as partes da troika e o Syriza. “No Syriza, agora todos sofrem, os que apoiaram o acordo, os que o rejeitaram, os que se calam e não se pronunciam”, escreveu o jornal de esquerda Efimerida ton Syntaktón na quinta-feira.

Em uma mensagem a seu partido divulgada na quinta, Tsipras admitiu que pediu até o último minuto a cada deputado —um a um— que considerasse cuidadosamente os problemas da Grécia, e pediu ao partido que aceitasse unido a responsabilidade que o resgate implica. “Dado que ninguém apresentou uma alternativa viável —reza o texto—, o fato de que 32 deputados optaram pelo não, e por não compartilhar essa responsabilidade [do acordo], contraria os princípios de solidariedade do Syriza e causa uma ferida aberta no coração do partido”. “Ninguém melhor do que eu poderia ter um problema de consciência mais sério, depois de tudo que ouvi e vi nesses seis meses” de negociações, acrescenta a mensagem, escrita em primeira pessoa.

Fontes da Mansão Maximou, o gabinete oficial em Atenas, confirmaram na quinta-feira o temor do Executivo de que a fissura interna no Syriza possa aumentar antes da votação decisiva da próxima quarta-feira, quando precisam ser aprovados os dois últimos artigos pendentes da lista de medidas prioritárias exigidas pelos sócios.

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