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Referendo na Grécia “fecha a porta” para negociações

Ministros da zona do euro acreditam cada vez mais em Plano B

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, depois de anunciar o referendo.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, depois de anunciar o referendo.Petros Karadjias (AP)

A tensão nas negociações entre a Grécia e o membros do Eurogrupo — instância que reúne os 19 ministros das Finanças da zona do euro — atingiu o ponto máximo de ebulição neste sábado. Diante da última cartada do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, ao convocar um referendo sobre a proposta de reformas oferecida pelas instituições na quarta-feira passada, os parceiros da moeda única responderam com outra tacada: "O Plano B [default, controles de capitais e possível saída da Grécia da zona do euro] está cada vez mais perto de se tornar o Plano A", afirmou sem rodeios o ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos.

Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, visivelmente desapontado e "negativamente surpreendido" pelos acontecimentos recentes, alertou, ao entrar na reunião, sobre as "consequências" que uma consulta teria na Grécia e destacou que "as portas estão fechadas" neste momento para continuar as negociações.

As instituições pedem mais reformas e cortes de gastos na economia grega e há pontos — especialmente na questão de impostos e pensões — que Atenas não está disposta a negociar. Diante desse impasse, Tsipras desafiou seus credores na sexta-feira e anunciou a intenção de convocar um referendo em 5 de julho. "Vamos falar sobre as consequências" que a consulta provocaria, insistiu Dijsselbloem.

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Uma semana de negociações

Depois de dois encontros do Eurogrupo, duas cúpulas e várias reuniões com as instituições da antiga troika em menos de cinco dias, a Grécia e os credores não só saem sem acordo, como também dão a entender que uma solução parece quase impossível. "As coisas ficaram mais difíceis agora, admitiu De Guindos na entrada da reunião deste sábado.

Segundo uma fonte europeia de alto escalão disse na sexta-feira, se não houver acordo, os ministros vão começar a discutir um possível Plano B, o eufemismo de sempre em Bruxelas — e nos mercados — para cenários de pesadelo: as consequências de um default do pagamento ao FMI na terça-feira, que pode levar ao controle de capitais e até mesmo uma saída da Grécia da zona do euro e da União Europeia, com um contágio enorme na periferia do bloco.

"O cenário central continua sendo o acordo", disseram os presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, horas antes da decisão de Tsipras de convocar o referendo. "As chances são de 50%", disse Tusk. A tensão continuou aumentando neste sábado e o primeiro-ministro grego denunciou "chantagens e ultimatos" dos credores. A Europa insiste em contestar as afirmações: Juncker disse que "não há nada sobre a mesa como um pegar ou largar"; mais objetivo, Tusk foi claro quando disse à imprensa: "Restam três dias".

Esse prazo vence no domingo à noite: os credores — antes conhecidos como parceiros — jogam com a variável de possíveis saques de depósitos em bancos gregos, que foram segurados nos últimos dois dias com as perspectivas de um acordo, mas que poderiam ser novamente ativados na segunda-feira em caso de ruptura. Os membros do bloco acreditam que a última oferta “é suficientemente generosa", resumiu a chanceler alemã, Angela Merkel. Berlim sugeriu que o acordo deve ser fechado antes de segunda-feira sobre a base dessa proposta, que exige mais esforço da Grécia na questão tributaria e, especialmente, nas pensões.

A este cenário é preciso acrescentar o anúncio do referendo na Grécia, em 5 de julho. Embora o anúncio tenha surpreendido os membros da zona do euro — que pretendiam continuar as negociações neste sábado —, os ministros das Finanças não criticaram a decisão de Tsipras. "É uma decisão legítima de um Governo eleito democraticamente", disseram os ministros.

O número dois na coalizão do Governo alemão e líder do Partido Social-Democrata, Sigmar Gabriel, demonstrou seu apoio neste sábado ao referendo, desde que se apresente “com clareza” aos cidadãos a oferta de ajuda europeia e o plano de reformas necessário. "Se as perguntas forem claras, ou seja, se estiver claro que irão votar sobre um programa negociado, então pode fazer sentido", disse Gabriel à rádio pública alemã Deutschlandfunk.

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