Grécia rejeita acordo por um corte adicional de 2 bilhões de euros
Países da zona do euro qualificam como insuficiente a proposta grega Atenas insiste na reestruturação da dívida
É possível romper a zona do euro, com um PIB acumulado de 10 trilhões de euros (cerca de 35 trilhões de reais), por causa de 2 bilhões de euros, 0,02% dessa cifra? As negociações entre a Grécia e seus credores –os parceiros europeus e o Fundo Monetário Internacional– terminaram neste fim de semana novamente sem acordo à vista. Com tensão crescente. E com um grau de dureza na linguagem que continua aumentando a cada dia que passa: a Comissão Europeia qualificou de insuficiente a última proposta apresentada pela Grécia e acusou Atenas de empenhar-se em um acordo político que só pode ser alcançado no Eurogrupo (instância que reúne ministros de Finanças e outras autoridades da zona do euro), quase sem tempo, e de não ceder nada às instituições anteriormente chamadas troika (o próprio Executivo da União Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI). As discrepâncias, de acordo com Bruxelas, ascendem a 2 bilhões de euros anuais no esforço fiscal adicional exigido pelos credores, e persistem diferenças mínimas no plano das reformas estruturais.
Os negociadores gregos insistem, de acordo com fontes europeias, em reclamar uma reestruturação da dívida em troca de novas concessões sobre as metas fiscais e as reformas. Atenas procurou o confronto: continua desprezando a troika, embora o Eurogrupo tenha deixado claro que não pode haver acordo em nível político – no Eurogrupo– se antes não houver uma aproximação de posições em nível técnico com as referidas instituições. As principais figuras da constelação socialdemocrata –o alemão Sigmar Gabriel e o italiano Matteo Renzi– alertaram no sábado o Governo de Alexis Tsipras que a paciência dos parceiros está acabando.
Até mesmo os funcionários europeus, habitualmente diplomáticos, atacam a Grécia com cada vez mais ferocidade: “É inaceitável que um país com a segunda maior despesa em defesa da UE se recuse a aproximar posições por conta de 2 bilhões de euros”, disse a este jornal um alto funcionário da UE. “É preciso conseguir esses 2 bilhões de euros para fechar o acordo. A Comissão levou ao limite a posição dos credores. E a Europa concorda que a Grécia faça como quiser: não tem de cortar as pensões se conseguir cortes semelhantes em outras áreas”, explicou a mesma fonte.
“A sombra de uma saída da Grécia do euro é cada vez mais alongada”, disse no sábado o vice-chanceler alemão Sigmar Gabriel no diário Bild. O Presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, fez uma última tentativa com Tsipras no sábado para pavimentar o caminho para a próxima reunião com o Eurogrupo, que se prevê decisiva para evitar um calote grego no final deste mês. “Houve alguns progressos, mas as diferenças continuam sendo significativas”, disse a Comissão em um comunicado inusualmente direto da instituição que tenta agir como mediadora entre os dois lados. “A proposta grega ainda é insuficiente”, segundo esse relato da jogada, que aumenta a pressão para a reunião do Eurogrupo da quinta-feira, em Luxemburgo.
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