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Paulicéia do jazz e do blues

Mergulhe em um programa intensivo desses ritmos que crescem em São Paulo

Keb’Mo’, veterano do blues que tocará em SP.
Keb’Mo’, veterano do blues que tocará em SP.Divulgação

Se para alguns São Paulo é o túmulo do samba, para outros é o melhor lugar do Brasil para se escutar jazz e blues. Nos últimos dez anos, a cidade que tem talento para acolher e produzir todo tipo de música estreitou suas relações com esses estilos musicais aparentados e nascidos nos Estados Unidos e hoje oferece festivais e um circuito de bares especialmente dedicados a eles.

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Caso você, habitante da Paulicéia Desvairada, ainda não esteja familiarizado com os riffs do blues ou com as improvisações do jazz, aproveite o fim desta semana (12 a 14 de junho) e mergulhe em um programa intensivo. Se for íntimo do assunto, nem se fale: sábado e domingo há apresentações ao ar livre em dois belos parques da cidade ­– com atrações nacionais e internacionais de primeira linha e entrada gratuita.

A guitarrista paulistana Lari Basílio.
A guitarrista paulistana Lari Basílio.Divulgação

Começando pela sexta-feira, o mais famoso bar paulistano de jazz, o Jazz nos Fundos, abre as portas às 22h para sua tradicional festa CUBOP!, dedicada ao jazz “à moda afro-cubana”. Neste Dia dos Namorados, o show (25 reais a entrada) é de Yaniel Matos e o Modern Cuban Jazz. Nascido em Cuba, Yaniel mistura as influências da música tradicional cubana (de ícones como Chucho Valdés, Issac Delgado e Orlando Valles Maraca, com quem ele já tocou) com o jazz clássico dos Estados Unidos, por onde passeia com seus projetos musicais (como o aclamado Mani Padme Trio e o Cuban Jazz Plus).

No sábado, a pedida é enfrentar com roupa adequada a atual onda de calor da tarde e o friozinho das noites paulistanas para acompanhar o primeiro dia do Festival BB Seguridade de Blues e Jazz no Parque Burle Marx, das 14h às 20h. Lá tocam, gratuitamente, o guitarrista luso-brasileiro Nuno Mindelis, Alex Reis Trio, de Santo André, e a Orleans Street Jazz Band, tradicional banda de street jazz de São Paulo. Apesar de ser voltado para blues e jazz, o evento abre espaço também para a MPB com uma apresentação da cantora Ana Carolina. No domingo, acontece de novo, renovando as atrações (assim como faz em Brasília, para onde viaja no fim de semana seguinte – dias 20 e 21 de junho), com perspectivas de lotação do espaço. Apesar de não cobrar entrada, o parque tem espaços limitados, então garanta lugar retirando ingressos antecipados.

Para terminar a maratona em alto nível, a apresentação do domingo é uma prévia do Samsung Blues Festival (17 a 20 de junho, com entradas pagas) no Auditório Ibirapuera, que recebe o público na plateia externa do auditório para o Samsung Best of Blues. A festa começa às 18h com a paulistana ganhadora do Samsung E-festival 2014, a guitarrista Lari Basílio, de 27 anos, que começou a tocar aos quatro, participou de bandas evangélicas e é um dos mais promissores nomes da nova safra do rock nacional. Em seguida, aparece o grupo Irmandade do Blues, de Santo André, 22 anos de estrada e quatro discos gravados com canções em inglês e português. Tocam também Quinn Sulivann, guitarrista e cantor de 16 anos que é sucesso nos Estados Unidos, e Keb’Mo’, autor de 14 álbuns e ganhador do Grammy Blue por três vezes.

Além de boa pedida, o programa pode servir como despedida para os fãs de Ornette Coleman, lenda do jazz que faleceu nesta quinta-feira, aos 85 anos. Coleman, junto com John Coltrane, foi um dos fundadores do free jazz, movimento que rompeu com as estruturas de harmonia tradicionais. Seu álbum The shape of jazz to come, de 1959, é um dos primeiros discos de vanguarda da história do gênero.

Ao menos neste fim de semana, ninguém precisa de samba.

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