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Grécia usa suas reservas para pagar 750 milhões de euros ao FMI

Atenas recorre a uma conta de emergências no Fundo para quitar parcela

Claudi Pérez
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde.S.J. (EFE)

Estratégia de negociação ou verdadeira asfixia financeira? A Grécia pagou nesta terça-feira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) uma parcela de 750 milhões de euros (2,55 bilhões de reais), embora para isso tenha precisado lançar mão de suas reservas de emergência na instituição com sede em Washington, segundo fontes do Executivo grego, diante das dificuldades de liquidez que o país enfrenta. Durante os últimos dias circularam rumores sobre a possibilidade de que o Governo de Alexis Tsipras não honraria essa dívida, em face da perspectiva de não poder pagar salários de funcionários públicos e pensões. A Grécia não deixou de cumprir nenhuma sequer de suas obrigações para com o Banco Central Europeu, os parceiros europeus ou o FMI. Mas o próprio Executivo grego alerta que está rapidamente ficando sem recursos. “Ninguém sabe quanto dinheiro resta à Grécia”, afirma uma fonte europeia, “mas não é muito”.

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Os países membros do FMI têm uma conta para situações de emergência, segundo fontes do Banco da Grécia citadas pela Reuters e AFP, as quais assinalam que o Governo grego usou em torno de 100 milhões de euros dessa plataforma para chegar aos 750 milhões. “O fato negativo é que essa se esvaziou”, garantiu a mesma fonte. A Grécia está para receber desembolsos de cerca de 7,2 bilhões de euros procedentes do segundo pacote de resgate, que só chegarão se o país entrar em acordo com os credores sobre as reformas. Esse pacto está demorando para sair. Há progressos sobre um aumento do IVA e uma norma para combater os despejos, mas o Governo de Tsipras não quer cortar pensões nem empreender uma nova reforma trabalhista. E tem de devolver mais de 10 bilhões de euros a seus credores até o final do ano, com um gargalo em meados do ano da ordem de 6,7 milhões ao BCE.

A imprensa grega publica nesta terça-feira que o Executivo tem fundos suficientes para pagar salários, benefícios sociais e pensões em maio no valor de 2 bilhões de euros. Mas o ministro Yanis Varoufakis contou na noite de segunda-feira que a falta de liquidez se transformou em um assunto “terrivelmente urgente” e explicou que espera alcançar um acordo “em um par de semanas”, embora não tenham ocorrido avanços quanto a isso desde 20 de fevereiro.

A Grécia avalia até mesmo a possibilidade de convocar um referendo para obter um mandato claro para negociar. E reivindica há semanas ao Banco Central Europeu (BCE) que lhe permita emitir mais dívida de curto prazo (T-bills), que depois seus bancos compram e colocam no banco europeu em troca de liquidez, algo com que o banco europeu não concorda.

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