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Adam Gadahn, o norte-americano que se tornou porta-voz da Al Qaeda

Operação realizada pelos EUA em janeiro acabou com a vida do porta-voz terrorista

Gadahn, em um vídeo das Sahab, aparelho midiático de Al Qaeda, difundido em março de 2010.
Gadahn, em um vídeo das Sahab, aparelho midiático de Al Qaeda, difundido em março de 2010.AFP

O Departamento de Estado norte-americano oferecia um milhão de dólares pela informação que levasse à prisão Adam Yahiye Gadahn, de 36 anos, um dos porta-vozes e rostos mais conhecidos da rede Al Qaeda e um dos norte-americanos vinculados à rede terrorista mais procurados desde a morte em 2011 de Anwar al-Awlaki nas montanhas do Iêmen. Assim como Al-Awlaki, Adam Gadahn, nascido Adam Pearlman e também conhecido como Azzam o Americano, morreu no ataque de um drone americano. Caiu em uma operação antiterrorista em janeiro, conforme comunicou na quinta-feira o presidente Barack Obama, em um pronunciamento no qual informou da morte por engano de dois reféns na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão e do também norte-americano Ahmed Faruk, membro destacado da Al Qaeda. Conforme detalhou o presidente, esses três últimos foram atingidos em um ataque diferente do de Gadahn.

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O paradeiro exato de Gadahn era desconhecido, mas o situavam em território paquistanês. Seu périplo jihadista é semelhante ao de al-Awlaki, norte-americano do Novo México e de origem iemenita, embora não chegasse a ter sua influência ideológica. Gadahn nasceu no estado do Oregon em 1 de setembro de 1978, conforme consta na ficha do FBI. Viveu em uma pequena fazenda californiana até os 16 anos, quando se mudou para Santa Ana com seus avós paternos, judeus como seu pai.

Gadahn se converteu ao islã em 1995. Como já detalhava o The New Yorker em 2007, colhendo o depoimento do jovem norte-americano no Becoming muslim (Tornando-se muçulmano), texto que publicou na Internet, tanto ele como seus irmãos se vincularam durante os anos de colegial a organizações cristãs, que acabaria criticando —como também fez com a música heavy metal que escutava. Considerava “ridícula” a crença na Trindade. O jovem do Oregon entrou então para um grupo de discussão da Sociedade Islâmica do condado de Orange. E a partir daí seu radicalismo começou a disparar.

As posturas de Gadahn eram excessivas até para o máximo responsável pela mesquita que frequentava, Haitham Bundakji, que ele acabou agredindo e, por isso, teve de passar dois dias na prisão. Logo passou a trabalhar na organização islâmica Charity Without Borders, organização que o Departamento de Estado fechou depois do 11 de setembro por seus vínculos com o terrorismo.

Naquela altura, Gadahn já estava fora do país havia três anos e tinha aparecido nos primeiros vídeos da Al Qaeda ameaçando seus compatriotas. Em 2006, a justiça norte-americana o acusou formalmente de traição e de dar apoio à Al Qaeda.

Durante seu treinamento, Gadahn passou pelo conhecido campo de Al Faruk, no Afeganistão, e a partir daí sua ascensão foi meteórica, vinculada sobretudo à máquina de propaganda da Al Qaeda. Como al-Awlaki, o domínio do árabe e do inglês o levou a ser uma voz habitual do As Sahab, principal meio de comunicação da Al Qaeda central, e da Inspire, revista do ramo na Península Arábica (AQAP).

“Onde estão os leões do islã para realizar as represálias (...) contra a França e seu jornal imoral Charlie Hebdo?”, disse Gadahn em um pronunciamento datado de 30 de abril de 2012, segundo a documentação do grupo de inteligência SITE. No número 10 da Inspire, publicado em fevereiro de 2013, Gadahn assinou um texto “exclusivo” sob o título “Aos Governos dos cruzados do Ocidente”, no qual exigia a retirada dos Estados que intervinham nos países muçulmanos em plena primavera árabe “antes que fosse tarde demais”.

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