Ex-diretor do FMI Rodrigo Rato é detido na Espanha
Polícia prende o ex-vice-premiê espanhol após realizar buscas em seu domicílio
O ex-vice-premiê da Espanha e ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Rodrigo Rato foi detido após uma operação de busca em seu domicílio, realizada pela Agência Tributária a pedido da Procuradoria de Madri, de acordo com a agência Efe. Rato saiu de casa acompanhado por vários agentes, que o colocaram em um carro de polícia que esperava na porta da residência, em uma rua central do bairro de Salamanca, em Madri, onde mora. Depois de oito horas, Rato foi liberado e levado a seu domicílio, de onde declarou que colaborou com a Justiça porque tem "confiança nela".
Ao ser detido, Rato não estava algemado na saída, mas um dos agentes o colocou dentro do carro, empurrando sua cabeça. Depois dele, os agentes que realizaram a operação durante mais de três horas saíram com pelo menos quatro caixas de documentação.
As acusações contra Rato são de fraude, ocultação de bens e lavagem de dinheiro.
A operação aconteceu depois da descoberta de que Rato, do Partido Popular (PP), aceitou a chamada anistia fiscal aprovada pelo Governo de Mariano Rajoy em 2012. Segundo vários veículos de comunicação, o também ex-presidente do Bankia passou então a fazer parte dos 705 investigados pela possível prática do crime de lavagem de dinheiro pelo Serviço Executivo de Prevenção de Lavagem de Dinheiro (Sepblac). O ex-vice-premiê não confirmou nem desmentiu essa informação. “Esse é um tema pessoal e acho que não tenho obrigação de fazer declarações sobre o assunto”, disse ao EL PAÍS.
Os agentes do Serviço de Vigilância Aduaneira (SVA), vinculados à Agência Tributária, chegaram à residência de Rato por volta das 16h30. A operação foi realizada por ordem do juizado número 35 de Madri, após receber denúncia da Procuradoria de Madri contra Rato, segundo fontes judiciais. De acordo com as mesmas fontes, a denúncia não se dirige exclusivamente contra Rodrigo Rato, e nela se solicitava a “imediata entrada e busca” em seu domicílio.
Fontes da procuradoria disseram que o caso transcorre sob sigilo. Os agentes permaneceram no interior da residência acompanhados por um agente judicial.
O juiz instrutor do caso da suposta fraude fiscal de Rato é Enrique de la Hoz García. Este magistrado é o titular do Tribunal de Instrução número 40 de Madri, mas se encarrega também do Tribunal de Instrução número 35, no qual recaiu a causa sobre o ex-ministro, depois que a antiga titular, Gemma Galego, deixou após obter uma nova praça no último concurso de mudanças de magistrados convocado pelo Poder Judicial.
Rodrigo Rato se encontra imerso em outro processo judicial do qual surgiram várias investigações: retirada do Bankia da bolsa, pelo uso dos cartões black da Caja Madri, pela cobrança de um salário de seis milhões de euros da banca de investimentos Lazard, na qual trabalhou como assessor e da qual depois fez o relatório de saída do Bankia da bolsa quando Rato já era presidente. No entanto, segundo fontes da Audiência Nacional, a ordem de registro não surgiu do tribunal do magistrado Fernando Andreu, que é o que instrui o caso Bankia.
O ministro de Justiça, Rafael Catalá, considera que o registro no domicílio do ex-vice-presidente do Governo Rodrigo Rato no enquadramento de uma investigação da Agência Tributária demonstra que a lei é "igual para todos". Nos corredores do Congresso, Catalá assegurou não ter mais informação que a distribuída pelos meios de comunicação, embora ache que esta atuação é a prova de que o Estado de direito funciona e que os juízes e promotores investigam. No mesmo sentido, o secretário de Estado de Relações com as Cortes, José Luis Ayllón, fez questão de dizer que o Executivo é "implacável" e "imparcial" na luta contra a fraude e que, portanto, "a questão não é quem, mas o quê". Segundo garantiu, atua-se ante "qualquer ilícito" ou "indício de não-cumprimento da norma" e isso é o que tem que "tranquilizar" os cidadãos.
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