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Os ‘presentes’ dos traficantes ao órgão antidrogas dos Estados Unidos

Agentes antidrogas dos EUA foram a “festas sexuais” pagas por criminosos na Colômbia

Agentes da DEA escoltam um paramilitar colombiano, em 2008.
Agentes da DEA escoltam um paramilitar colombiano, em 2008.AP

Mais um escândalo atinge os órgãos de segurança dos Estados Unidos, desta vez por causa da suposta participação de vários agentes da DEA (órgão de fiscalização antidrogas dos EUA) em festas com prostitutas na Colômbia, pagas por cartéis do narcotráfico entre 2005 e 2008. A revelação foi feita pelo site Politico, citando uma investigação do Departamento de Justiça dos EUA.

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O relatório afirma que pelo menos sete agentes confessaram ter participado de orgias em apartamentos pagos pelos EUA aos seus agentes na Colômbia. Todos eles, no entanto, negaram que tivessem conhecimento de que as prostitutas eram pagas por chefes do narcotráfico.

A denúncia também inclui membros da polícia local, que segundo os depoimentos teriam organizado essas festas e tomado conta das armas dos norte-americanos enquanto eles participavam dos encontros. Um “agente policial estrangeiro” (ou seja, não norte-americano) afirmou inclusive que alguns deles teriam recebido “dinheiro, presentes caros e armas” dos traficantes. “Vários dos agentes receberam suspensões de 2 a 10 dias como castigo”, diz o site Politico. Os nomes dos agentes envolvidos e dos traficantes que supostamente financiaram as festas não foram divulgados.

Há três anos, também na Colômbia, 12 agentes do Serviço Secreto dos EUA que participavam da equipe de segurança do presidente Barack Obama durante a Cúpula das Américas se envolveram em um escândalo similar, quando veio à tona que eles haviam contratado prostitutas em Cartagena das Índias, levando-as aos quartos do hotel onde se hospedavam. A história vazou porque uma das prostitutas acusou um dos agentes de não lhe pagar o valor combinado. Agora, a agravante no caso dos agentes da DEA é que suas festas sexuais teriam sido financiadas por narcotraficantes e se repetido por vários anos, segundo as denúncias.

A investigação do Gabinete do Inspetor Geral, um órgão do Departamento de Justiça, começou em 2010, dois anos depois da ocorrência dos fatos, graças a denúncias anônimas que citam casos de assédio sexual envolvendo não apenas membros da DEA, mas também do FBI e da Agência de Álcool, Tabaco, Armas e Explosivos que trabalhavam em escritórios no exterior. Há ainda um depoimento segundo o qual eram frequentes as visitas dos agentes a casas de prostituição. Encontros com prostitutas eram organizados também para agentes dos EUA que estivessem na Colômbia apenas de passagem.

Segundo o jornal El Tiempo, a investigação concluiu que, embora haja muitas denúncias por condutas sexuais impróprias (77 em cerca de quatro anos), “as diretrizes sobre como as processá-las não estão claras, e isso permite que condutas claramente arriscadas sejam descartadas na hora de realizar investigações internas”. Um dos inspetores que participaram da investigação disse que em países como a Colômbia, onde a prostituição não é considerada ilegal, torna-se muito mais difícil julgar os agentes em tais circunstâncias.

A emissora Blu Radio entrevistou na sexta-feira o ex-inspetor-geral da DEA Félix Jiménez, para quem agentes que tiverem participado de festas com prostitutas colombianas pagas por narcotraficantes merecem o maior castigo possível. “É lamentável que isso tenha ocorrido, porque a DEA tem um código de conduta muito rigoroso”, disse.

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