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Relações Diplomáticas

Mogherini se reúne com Castro para acelerar aproximação

União Europeia tenta fechar acordo político com Cuba antes do fim do ano

Lucía Abellán
Federica Mogherini e o presidente Raúl Castro, no dia 25.
Federica Mogherini e o presidente Raúl Castro, no dia 25.EFE

O degelo entre os Estados Unidos e Cuba criou um novo sentido de urgência na Europa sobre as relações do continente com a ilha. A chefa de Política Externa Europeia, Federica Mogherini, visitou Havana nesta terça-feira e transmitiu uma mensagem clara aos seus interlocutores: o acordo político e de cooperação que ambas as partes negociam há um ano deveria ser fechado ainda em 2015. Mogherini se reuniu durante duas horas com o presidente cubano, Raúl Castro. Sabrina Bellosi, assessora da chefa da diplomacia europeia, publicou uma foto do encontro em sua conta no Twitter.

A Europa quer reafirmar os anos de relação com a ilha — é o primeiro investidor estrangeiro e o segundo parceiro comercial depois da Venezuela — para elevar seu perfil institucional em um momento de mudanças no país.

“Temos um claro senso de proximidade. A Europa pode acompanhar as reformas que o país está adotando com investimentos em setores como a agricultura, energias renováveis e turismo”, afirmou Mogherini ao EL PAÍS e a outro jornal europeu durante sua visita a Havana. A ilha depende do petróleo em 94% para seu abastecimento de energia e busca expandir as atividades no setor de energias renováveis, um segmento para o qual pode atrair capital e projetos europeus.

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O anúncio inesperado do fim da inimizade entre Washington e Havana em dezembro passado surpreendeu a União Europeia, em meio a um processo que estava paralisado. Depois dos esforços de ambas as partes para revitalizá-lo, a terceira rodada de negociação começou no início de março com alguns avanços concretos, embora também com a constatação de divergências.

A visita de Mogherini representa uma tentativa de acelerar o ritmo das conversas. “Sei que sua presença aqui vai dar um impulso”, disse o ministro de Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, na sede do ministério. Para dar maior visibilidade a essa tentativa, o próprio Rodríguez irá a Bruxelas no fim de abril para dialogar com representantes europeus. O receio de alguns países — Polônia, República Checa e Alemanha — em relação ao diálogo com o regime no início do processo se transformou em apoio firme para acelerar o pacto, que inclui três pilares: cooperação, âmbito político e relação econômica.

No entanto, ninguém esconde que o diálogo sobre direito humanos, uma das peças-chave dessa negociação, apresenta dificuldades. Para evitar que esse tema emperre as discussões, foram tomadas duas decisões. A primeira, já em vigor, começar pela parte mais fácil, a da cooperação. Esse é o capítulo sobre o qual os contatos estão focados. A segunda, buscar uma espécie de negociação paralela por meio do enviado especial da UE para os direitos humanos, Stavros Lambrinidis, que possa retirar os assuntos mais espinhosos do diálogo principal, para que sejam abordados separadamente.

Ainda não se sabe se todas essas manobras sutis, tão próprias da UE, vão convencer os negociadores cubanos num momento em que têm um substancioso processo aberto com Washington. Por enquanto, Rodríguez enviou um sinal a Mogherini para agradecer o voto europeu na ONU contra o embargo norte-americano, e a chefa da diplomacia respondeu: “Você sabe qual tem sempre sido a posição europeia a respeito. Especialmente nesses momentos, não vemos motivo para manter o embargo”.

A conclusão do acordo entre a União Europeia e Cuba permitirá revogar a posição comum, um instrumento que impede estabelecer relações institucionais formais, a não ser que haja avanço em direitos humanos. Muitos países contornaram essa barreira —19 têm acordos bilaterais com a ilha — e a própria UE retomou o diálogo com o regime castrista em 2008. A posição comum foi promovida pelo então primeiro-ministro da Espanha, José María Aznar, embora agora um dos mais ferrenhos defensores do degelo com Cuba seja o ministro de Relações Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo.

Além de se reunir com o Governo, Mogherini se encontrou com representantes do mundo artístico cubano e com o arcebispo de Havana, Jaime Ortega, uma das poucas vozes com permissão de fazer críticas ao Executivo. Ortega destacou o papel da Igreja Católica nos sinais de abertura do regime.

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