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Milhares de pessoas marcham em Moscou em memória a Nemtsov

Polícia calcula que 16.000 pessoas participaram do ato de homenagem na capital

Linha de frente do protesto em Moscou.Foto: atlas | Vídeo: SERGEI ILNITSKY (EFE) / ATLAS

Milhares de pessoas marcharam neste domingo em Moscou em homenagem ao líder da oposição Boris Nemtsov, assassinado a tiros nas proximidades do Kremlin, na sexta-feira. O crime contra o carismático ex-vice-primeiro-ministro comoveu a sociedade russa. Nemtsov se junta à lista de outros políticos e parlamentares abatidos por pistoleiros de aluguel, como os deputados Galina Starovoytova e Sergey Yushenkov. Esses tipos de assassinato raramente são elucidados completamente. Desta vez, o Comitê de Investigações ofereceu uma recompensa em dinheiro para quem fornecer informações que ajudem a resolver o caso. Durante a marcha, a polícia prendeu o deputado ucraniano Alexander Goncharenko, membro do Parlamento de seu país. Ainda não se sabe o motivo da detenção.

A marcha começou pouco depois das 15h (9h em Brasília) no centro da capital russa, seguindo por uma das avenidas que correm à margem do rio Moscou até chegar à entrada da Grande Ponte de Pedra, onde ocorreu o assassinato. Ali, os manifestantes depositaram flores, como outras pessoas vinham fazendo individualmente desde a noite de sexta-feira.

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A maioria dos que marcharam neste domingo é de cidadãos críticas ao regime. A oposição tinha convocado uma manifestação contra a crise no subúrbio de Maryino, mas o ato acabou sendo cancelado por causa da trágica morte de Nemtsov. Em vez disso, pediram autorização para realizar uma marcha fúnebre. Muitas pessoas que não pensavam em ir a Maryino acabaram se unindo à homenagem ao carismático político.

“Os heróis não morrem”, “Morreu pelo futuro da Rússia”, “Suas balas estão em todos nós”, “Lutava pela liberdade na Rússia” foram algumas das frases exibidas em cartazes com a foto de Boris Nemtsov, carregados por cidadãos durante a marcha. A polícia moscovita calcula que cerca de 16.000 pessoas participaram da homenagem, enquanto os organizadores estimam que o ato reuniu 70.000 simpatizantes. Também houve atos de homenagem em outras cidades, entre os quais se destacou uma marcha em São Petersburgo, que juntou 6.000 pessoas.

Por enquanto, a polícia fez poucos avanços em suas investigações. Até agora nenhum suspeito foi detido. Tampouco foi encontrado o carro que os assassinos usaram para fugir. A polícia fez uma busca por pistas no apartamento de Nemtsov e examinou todas as gravações das câmeras de circuito interno de TV instaladas nas vizinhanças do local do crime. Uma delas captou o momento em que Nemtsov foi baleado pelas costas por um homem que logo depois entrou em um carro branco.

O político recebeu quatro disparos e morreu quase instantaneamente, já que uma das balas atingiu seu coração e outra, que entrou pelo pescoço, chegou até seu cérebro. Fontes policiais disseram que os seis cartuchos encontrados na ponte são diferentes, o que os leva a pensar que talvez não se trate de um matador profissional.

Os investigadores estudam todas as versões possíveis, que vão desde uma provocação para desestabilizar o regime até um possível caso passional, passando por negócios, inimizade pessoal, seu trabalho na luta contra a corrupção na Assembleia Provincial de Yaroslav, onde era deputado, sua posição contrária à guerra na Ucrânia e até o fanatismo islâmico. Mas diante da falta de pistas contundentes, o Comitê de Investigação decidiu recompensar com 3 milhões de rublos (quase 140.000 reais) quem fornecer informações para elucidar o caso.

A modelo ucraniana Anna Duritskaya, que acompanhava Nemtsov no momento do crime, recebeu neste domingo a visita do cônsul da Ucrânia depois que um deputado em Kiev denunciou que ela estaria sendo mantida contra a sua vontade em um apartamento em Moscou. Duritskaya é a principal testemunha – há também um rapaz que viu quando dispararam contra o político – e a polícia anunciou que, por causa das investigações em curso, ainda precisa que ela permaneça na capital russa.

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