Ocupe o Parque Augusta
Movimento que defende a criação de um parque em São Paulo realiza agenda de atividades como ioga, oficina de cisterna e meditação em grupo


Um movimento de resistência ocupa uma parte de um terreno particular, cheio de histórias e com 24.000 metros quadrados de área entre as Ruas Caio Prado, e Augusta, na região central da cidade de São Paulo.
O movimento pelo parque é formado por vários grupos, os Aliados do Parque Augusta, o Organismo Parque Augusta, a Sociedade dos Amigos, Moradores, Comércio e Serviços de Cerqueira Cesar (Sammorc), dentre outros. Todos defendem que a área, que contempla um bosque cercado de biodiversidade, se transforme em um parque, para não se transformar em mais um pedaço pertencente à especulação imobiliária na cidade. O movimento, apartidário, é autogerido por seus membros que organizam diversas atividades gratuitas no local, como forma de resistir e manter o parque aberto à população.
Batizado de Verão no Parque Augusta, as atividades programadas vão desde aulas de ioga para crianças até reuniões sobre a escassez de água que a cidade enfrenta desde o ano passado. Neste fim de semana, será possível até mesmo aprender a construir uma cisterna, artefato bem-vindo em tempos de seca na cidade. Todas as atividades são gratuitas, mas é aconselhável levar sua própria água, sua canga e um saquinho para recolher o lixo.
Sábado, 07 de fevereiro
9h30: Aula de pilates
Das 10h às 14h: Oficina de cisterna e diálogo sobre a crise hídrica
15h: Bate papo sobre a água
21h: Cinemata - exibição do filme 'Entre rios'
Domingo, 08 de fevereiro
Programação do Coletivo Disco Xepa no Parque Augusta:
Das 10h às 14h: Preparação de sucos
11h: Ioga para crianças
Das 11h às 14h: Cobertura do evento, pelos Jovens do Programa Novo Olhar
12h: Oficina sobre os ciclos dos alimentos (do prato à horta)
Das 12h às 15h: Oficina de culinária para crianças de todas as idades onde serão preparados espetinhos para churrasco feitos com legumes
13h: Caminhada com as crianças pelo parque para conhecer e identificar as chamadas 'plantas alimentícias não convencionais' (PANC's)
13h: Apresentação do grupo Jazz Trio Concert
14h: "Contação" de histórias
15h: Concerto com a banda 'Teorias do amor moderno'
15h: Debate sobre autogestão
20h: Oficina + debate: 'Panbasa, de todos para todos', sobre uma metodologia usada em ecovilas e comunidades sustentáveis
21h: Cinemata 'Ocupe a mídia', sobre a democratização dos meios de comunicação
Acompanhe a programação diária pela página no Facebook do Parque Augusta.
A briga contra o concreto
O terreno em questão abrigou, entre 1907 e 1969, um tradicional colégio interno feminino chamado Des Oiseaux. Na imponente construção, demolida em 1974, estudaram personalidades como a ex-primeira dama do Brasil, Ruth Cardoso (1930 - 2008), e a senadora Marta Suplicy (PT-SP). Além da planta, de inspiração art nouveau, o colégio era rodeado de um grande bosque.
Em 2003, a área foi adquirida pela Sociedade Armando Conde Investimentos, de propriedade do empresário Armando Conde, mas o bosque permaneceu aberto ao público. Um ano depois, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), tombou o local.
Em 2006, houve a tentativa de se construir um supermercado no terreno, mas a associação de moradores do bairro fez um abaixo-assinado e conseguiu barrar o projeto. Naquele ano surgia então o movimento Aliados do Parque Augusta. Desde então, o movimento vem colhendo algumas vitórias, como a aprovação na Câmara dos Vereadores de São Paulo de um projeto de lei que autoriza a criação do Parque Augusta.
Em novembro de 2013, porém, Armando Conde repassou oficialmente sua propriedade às Construtoras Cyrela e Setin, da qual ele é um dos sócios. Juntas, as empreiteiras apresentaram à Prefeitura o projeto para a construção de duas torres, uma residencial e outra comercial. Além disso, levantaram um muro na rua Caio Prado para isolar a área. Desde então, o parque é palco de uma queda de braço entre ativistas e os proprietários do terreno.
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