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Fase de ofensiva militar contra as Farc “já não procede”, diz Santos

Após duas semanas de cessar-fogo da guerrilha, colombiano reafirma prioridade do diálogo

O presidente Juan Manuel Santos (centro) e negociadores.
O presidente Juan Manuel Santos (centro) e negociadores.J. P. BELLO (EFE)

Uma das regras no processo de paz entre a guerrilha FARC e o governo da Colômbia é que, enquanto se negocia o fim do conflito armado, a guerra prossegue nas selvas do país. Assim ocorreu nos dois últimos anos, período em que o Governo e a guerrilha avançaram lentamente em acordos sobre uma pauta de seis pontos. Mas agora essa regra pode mudar, graças aos avanços nas conversações e ao fato de a guerrilha ter declarado um cessar-fogo a partir de 20 de dezembro, o qual até agora foi respeitado, conforme admitiu o presidente Juan Manuel Santos nesta segunda-feira.

Após três dias de reuniões em Cartagena de Índias com sua equipe negociadora e com especialistas internacionais que o assessoram no processo, Santos afirmou que a partir de agora seu Governo se movimentará “mais rapidamente no sentido de procurar o caminho da paz” ao invés da guerra.

“Até agora seguimos essa máxima, tornada famosa pelo ex-primeiro-ministro israelense Isaac Rabin, que dizia ser preciso negociar como se não existisse a guerra ou o conflito, e manter a ofensiva militar como se não existisse processo de paz. Mas os avanços nas negociações nos indicam que agora são outras as circunstâncias, e que essa desconexão já não procede”, afirmou Santos à imprensa, sem dar detalhes sobre as mudanças que poderiam vir. O que ele disse é que a paz deve reforçar a segurança dos colombianos, não debilitá-la, por isso assegurou que seu Governo tomará “todas as medidas para garantir que assim seja”.

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A redução da intensidade do conflito armado – sua desescalada, como se diz na Colômbia – é um dos temas centrais do processo de paz desde que a guerrilha sequestrou em novembro um general do Exército, provocando a suspensão das negociações até que o militar fosse libertado, duas semanas depois. Depois veio o anúncio da guerrilha, inédito em 50 anos de confronto, de uma trégua indefinida, a qual foi elogiada por Santos, que no entanto rejeitou algumas condições da guerrilha, como a suspensão da trégua se as Forças Armadas atacassem a guerrilha. Para alguns setores de oposição, isso foi interpretado como uma “armadilha” para levar à interrupção bilateral das hostilidades.

Agora Santos tornou a elogiar a trégua das FARC e convidou o Exército de Libertação Nacional, ELN, a outra guerrilha esquerdista, a aderir ao cessar-fogo. “Sobre esse ponto devemos reconhecer que as FARC cumpriram”, disse o presidente após se reunir com especialistas como William Uri, da Universidade Harvard, e o ex-guerrilheiro salvadorenho Joaquín Villalobos, entre outros. A guerrilha também libertou um soldado que havia sido sequestrado um dia antes do início da trégua, numa emboscada que deixou cinco militares mortos e foi repudiada pelos colombianos. Com o ELN, Santos anunciou em junho, a poucos dias das eleições presidenciais, que estava em uma fase exploratória para iniciar um diálogo. Poucos foram os avanços, entretanto.

Embora ainda não esteja definida a data em que serão retomadas as conversações de paz após o recesso natalino, o presidente colombiano assegurou que sua equipe negociadora retornará a Havana, sede do processo, com instruções para acelerar o ritmo das negociações “de forma a terminar o mais brevemente possível e de uma vez por todas com o conflito armado”.

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