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MUNDIAL DE CLUBES | R. MADRID, 2-SAN LORENZO, 0

Real Madrid põe o mundo aos seus pés

Equipe espanhola termina ano glorioso com a sua quarta conquista intercontinental

José Sámano
Sergio Ramos celebra seu gol.
Sergio Ramos celebra seu gol.FADEL SENNA (AFP)

Nem uma equipe malandra consegue parar o Real Madrid, coroado rei do universo em Marrakech, onde a Fifa colocou esse maquiado Mundial de Clubes, que nada mais é do que a Copa Intercontinental que sempre existiu, entre as melhores equipes da Europa e da América do Sul, com alguns outros coadjuvantes.

San Lorenzo de Almagro, o campeão da Copa Libertadores, quis a glória da equipe modesta no improviso com uma partida azeda, com muitas plantas venenosas e pregos. Deu no mesmo. Sergio Ramos, imperial nesse ciclo europeu, encerrou uma trajetória célebre: triturou o Bayern de Munique na semifinal da Liga dos Campeões, marcou contra o Atlético de Madrid na final, empinou o Real contra o Cruz Azul e foi o alívio do time contra o San Lorenzo, na reunião mundial no inverno do Marrocos. Ano da Décima, ano de Ramos, esse titã andaluz que se distingue em Chamartín como clone de Pirri, Stielike ou Fernando Hierro.

O Real de sempre, este Real de 22 vitórias consecutivas, um Real que já soma 20 títulos internacionais. Imperial.

R. MADRI, 2-SAN LORENZO, 0

R. Madri: Casillas; Carvajal (Arbeloa, m. 74), Pepe, Ramos (Varane, m. 89), Marcelo (Coentrão, m. 44); Kroos, James, Isco; Bala, Benzema y Cristiano. Não utilizados: Keylor (p), Medrán, Khedira, Chicharito, Nacho, Jesé, Illarramendi, Pacheco.

San Lorenzo: Torrico; Buffarini, Yepes (Cetto, m. 60), Kannemann, Mas; Mercier, Ortigoza, Kalinski; Verón (Romagnoli, m. 56), Barrientos y Cauteruccio (Matos, m. 68). Não utilizados: Leio Franco (p), Quignón, Arias, Villalba, Blandi, Cavallero, Devecchi, Catalán y Fontanini.

Gols: 1-0. M. 36. Ramos. 2-0. M. 50. Bale.

Árbitro:Walter López (Guatemala). Mostrou cartão amarelas a Carvajal, Ramos, Barrientos, Buffarini, Kannemann y Ortigoza

Aproximadamente 40.000 torcedores no estádio de Marrakech.

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Em um jogo preso, de futebol subterrâneo, nada poderia ser melhor que a cabeça de Sergio Ramos. No campo minado que a equipe argentina preparou, o zagueiro de Sevilha não se assustou. Não havia pistas do paradeiro de Cristiano ou de seus auxiliares, e assim o Real encontrou a trilha de Ramos desde a sua própria área. Um escanteio cobrado por Kross, e o defensor desbravou a floresta da área dos corvos da Argentina. Levantou voo e chegou ao arremate de cabeça como um corsário. Sergio em seu estado mais puro. Em uma partida complicada, decidiu do jeito mais fácil

Pela valentia, Ramos. E acima de tudo, Bale, vencedor do Oscar das finais. De futebol, nem palavra. Não quis praticá-lo o San Lorenzo e não precisou o Real Madrid, que fez o que precisava. Poucos rebobinarão a partida nos próximos anos, talvez décadas, mas ali estará a grandiosidade e a polidez do clube espanhol de Chamartín. É isso que importa, e muito.

Com seus recrutas, o San Lorenzo acreditou segundo a segundo na sua condição de time inferior. Nem viu Iker Casillas. Fechou-se, afiou os pregos, brigou nos esgotos e nada mais. Bastou para desnaturalizar um pouco a equipe de Carlo Ancelotti, condenada ao jogo proposto pelos argentinos. Nenhum verso, futebol com a faca nos dentes. De nada serviu ao San Lorenzo: o Real Madrid também venceu a briga que ele plantou. Não conseguiu ser uma equipe estilosa, nem foi aquela paisagem idílica do toque de bola de Isco ou James, não houve sequer migalhas de Cristiano, apagado neste campeonato marroquino. Contudo, na briga lamacenta na qual o jogo se transformou, o time espanhol também foi melhor, no talento e na disposição.

Os argentinos quiseram a glória

O Real Madrid esperou os seus momentos e em seguida advertiu o seu rival que estava em campo apenas para travar o jogo. Chegou ao gol de Ramos e, como já é habitual nas finais, ao de Bale, esse jogador instantâneo que goleia pela sua invisibilidade. Um solista de primeira, agregado à produção coletiva. Compareceu na final de Lisboa e na da Copa. Em Marrakech, um goleiro chamado Torrico abriu o cadeado pouco a pouco. Depois do intervalo, Bale armou um chute sem aviso prévio depois de receber na linha da área, totalmente sozinho, um passe vertical de Isco. Enganchou a curva, importante parte do seu arsenal, mas o chute saiu totalmente errado. Pior foi o goleiro do San Lorenzo, que cometeu um erro colossal. A bola, mansa, mostrou a língua, fez piada e passou por baixo do seu corpo. A despedida do San Lorenzo que, depois de muitas bravatas durante a semana, no momento de jogar não teve nada a dizer, a não ser apresentar um catálogo completo de pontapés. Não foi a melhor exposição de futebol argentino, um futebol sempre difícil de ser enfrentado em finais intercontinentais, mas geralmente mais virtuoso que essa equipe papal.

O mérito do Real Madrid foi não entrar na pilha do adversário

O mérito do Real Madrid diante da briga plantada na grama macia do Marrocos foi não entrar na pilha do adversário, mas manter o temperamento que lhe cai tão bem ultimamente para levantar sua quarta Copa Intercontinental; empatado com o Milan, uma brincadeira do destino com Ancelotti, jogador dos italianos e treinador das duas equipes.

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E o que dizer para Iker Casillas, que na sua 700ª partida com o Real Madrid, brindou aos céus com o único troféu que lhe faltava, exceto por algum menos importante. Houve esse ar de verão neste Mundialito, mas se tratava de uma obrigação, e o Real Madrid a cumpriu com eficiência e evidenciou a diferença entre a Europa e a América. Este é um Real Madrid feliz, uma equipe cheia de sangue, como demonstram as 51 vitórias que conseguiu em 2014 (mais de 80% dos jogos disputados) e uma média de quase três gols por partida. Este Real Madrid é o rei do universo. O mundo a seus pés.

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